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A «Grande e Santa Quinta-Feira»

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A «Grande e Santa Quinta-Feira»

21 de abril de 2022 | By ecclesia
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A «Grande e Santa Quinta-Feira»

(Divina Liturgia da Ceia do Senhor)

Comemoração dos Ss. Cirilo, bispo de Turov e nove santos monges mártires de Cizico (†322); Jorge, Hieromártir; João, mártir de Romenia; Memnon, o Taumaturgo.

«Enquanto os gloriosos discípulos
eram iluminados pelo Lava-pés,
o ímpio Judas, enegrecido pelo amor ao dinheiro,
vendeu aos indignos juízes o justo Juiz.
‘Ó Tu, que amas o dinheiro,
olha aquele que se enforcou por causa dele!
Afasta-te, pois, deste desejo insaciável,
quem ousou realizar uma tal ação contra o Mestre’.
Mas Tu, Senhor, bom para todos, glória a Ti!»

Nesse dia recordamos como Nosso Senhor, preparando-se para oferecer Si mesmo como Sacerdote e Vítima, revelou aos Seus santos apóstolos os Sagrados Mistérios: Seu Corpo e Sangue, partidos e derramados para a vida do mundo. A Divina Liturgia de São Basílio, o Grande, é celebrada em conjunto com Vésperas, com especial recordação orante do dom do santo sacerdócio.

As cerimônias do dia são:

  • Ofício do «Orthros» que se reza na Quarta-feira à noite;
  • Bênção do óleo com o qual os sacerdotes ungem a fronte dos que vão comungar após terem confessado seus pecados;
  • Bênção do santo óleo do Crisma, usado na administração do Sacramento da Santa Unção Crismal. Este ofício é reservado ao Patriarca;
  • Ofício de Vésperas e Liturgia de São Basílio;

Depois da Divina Liturgia, nas igrejas catedrais, cerimônia do lava-pés na qual o bispo lava os pés de 12 sacerdotes, como o Senhor lavou os pés de seus discípulos (Evangelho Lava-pés: Jo 13, 1-11 (antes); e Jo 13, 12-17 (após);

  • Ofício da Paixão, considerado como Orthros de Sexta-feira Santa e que é realizado, portanto, à noite.
  • À noite, Orthros com a leitura dos os Doze Evangelhos da Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:
    • Jo 13, 31-18,1
    • Jo 18, 1-28
    • Mt 26, 57-75
    • Jo 18, 28 – 19,16
    • Mt 27, 3 -32
    • Mc 15, 16-32
    • Mt 27, 33-54
    • Lc 23, 32-49
    • Jo 19, 25-37
    • Mc 15, 43-47
    • Jo 19, 38-42
    • Mt 27, 62-66

No Ofício da 6ª hora:

Leitura AT

Leitura da Profecia de JEREMIAS, [11: 18-12: 5, 9-11, 14-15].

o Senhor me fez saber, e assim o soube; então me fizeste ver as suas ações. E eu era como um cordeiro, como um boi que levam à matança; porque não sabia que maquinavam propósitos contra mim, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome. Mas, ó Senhor dos Exércitos, justo Juiz, que provas os rins e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a minha causa. Portanto, assim diz o Senhor acerca dos homens de Anatote, que buscam a tua vida, dizendo: Não profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos. Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que eu os castigarei; os jovens morrerão à espada, os seus filhos e suas filhas morrerão de fome. E não haverá deles um remanescente, porque farei vir o mal sobre os homens de Anatote, no ano da sua visitação. Justo serias, ó SENHOR, ainda que eu entrasse contigo num pleito; contudo falarei contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que procedem aleivosamente? Plantaste-os, e eles se arraigaram; crescem, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe dos seus rins. Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para contigo; arranca-os como as ovelhas para o matadouro, e dedica-os para o dia da matança. Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Pela maldade dos que habitam nela, perecem os animais e as aves; porquanto dizem: Ele não verá o nosso fim. Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão? A minha herança é para mim ave de rapina de várias cores. Andam as aves de rapina contra ela em redor. Vinde, pois, ajuntai todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem. Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu campo; tornaram em desolado deserto o meu campo desejado. Em desolação a puseram, e clama a mim na sua desolação; e toda a terra está desolada, porquanto não há ninguém que tome isso a sério. Assim diz o Senhor, acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a minha herança, que fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles. E será que, depois de os haver arrancado, tornarei, e me compadecerei deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra.

No Ofício de Vésperas:

Leituras do AT

Primeira Leitura do Livro do ÊXODO [19: 10-19].

ai ter com o povo, e santifica-o hoje e amanhã. Que lavem as suas vestes e estejam prontos para o terceiro dia, porque, depois de amanhã, o Senhor descerá à vista de todo o povo sobre o monte Sinai. Fixarás ao redor limites ao povo, e dir-lhe-ás: guardai-vos de subir o monte ou de tocar a sua base! Se alguém tocar o monte, será morto. Não se lhe tocará com a mão, mas ele será apedrejado ou perecerá pelas flechas: homem ou animal, não ficará vivo. Quando soar a trombeta, {somente então} subirão eles ao monte». Moisés desceu do monte para junto do povo e o santificou; e lavaram as suas vestes. Em seguida, disse-lhes: «Estai prontos para depois de amanhã, não vos aproximeis de mulher alguma». Na manhã do terceiro dia, houve um estrondo de trovões e de relâmpagos; uma espessa nuvem cobria a montanha e o som da trombeta soou com força. Toda a multidão que estava no acampamento tremia. Moisés levou o povo para fora do acampamento ao encontro de Deus, e pararam ao pé do monte. Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor tinha descido sobre ele no meio de chamas; o fumo que subia do monte era como a fumaça de uma fornalha, e toda a montanha tremia com violência. O som da trombeta soava ainda mais forte; Moisés falava e os trovões divinos respondiam-lhe.

Segunda Leitura, do Livro de JÓ [38: 1-23; 42: 1-5]

ntão, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jó esta resposta: Quem é aquele que obscurece assim a Providência com discursos sem inteligência? Cinge os teus rins como um homem; vou interrogar-te e tu me responderás. Onde estavas quando lancei os fundamentos da terra? Fala, se estiveres informado disso. Quem lhe tomou as medidas, já que o sabes? Quem sobre ela estendeu o cordel? Sobre que repousam suas bases? Quem colocou nela a pedra de ângulo, sob os alegres concertos dos astros da manhã, sob as aclamações de todos os filhos de Deus? Quem fechou com portas o mar, quando brotou do seio maternal, quando lhe dei as nuvens por vestimenta, e o enfaixava com névoas tenebrosas; quando lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos, dizendo: Chegarás até aqui, não irás mais longe; aqui se deterá o orgulho de tuas ondas? Algum dia na vida deste ordens à manhã? Indicaste à aurora o seu lugar, para que ela alcançasse as extremidades da terra, e dela sacudisse os maus, para que ela tome forma como a argila de sinete e tome cor como um vestido, para que seja recusada aos maus a sua luz, e sejam quebrados seus braços já erguidos? Foste até as fontes do mar? Passaste até o fundo do abismo? Apareceram-te, porventura, as portas da morte? Viste, por acaso, as portas da tenebrosa morada? Abraçaste com o olhar a extensão da terra? Fala, se sabes tudo isso! Qual é o caminho da morada luminosa? Onde é a residência das trevas? Poderias alcançá-la em seu domínio, e reconhecer as veredas de sua morada? Deverias sabê-lo, pois já tinhas nascido: são tão numerosos os teus dias! Penetraste nos depósitos da neve? Visitaste os armazéns dos granizos, que reservo para os tempos de tormento, para os dias de luta e de batalha? Jó respondeu ao Senhor nestes termos: Sei que podes tudo, que nada te é muito difícil. Quem é que obscurece assim a Providência com discursos ininteligíveis? É por isso que falei, sem compreendê-las, maravilhas que me superam e que não conheço. Escuta-me, deixa-me falar: vou interrogar-te, tu me responderás. Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram.

Terceira Leitura, da Profecia de ISAIAS [50: 4-11]

Senhor Deus deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está abatido. Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo; {o Senhor Deus abriu-me o ouvido} e eu não relutei, não me esquivei. Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros. Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado. Aquele que me fará justiça aí está. Quem ousará atacar-me? Vamos medir-nos! Quem será meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio: quem ousaria condenar-me? Cairão em frangalhos como um manto velho; a traça os roerá. Que aqueles dentre vós que temem o Senhor ouçam a voz de seu Servo! Que aqueles que caminham no escuro, privados de luz, confiem no nome do Senhor e contem com o seu Deus! Mas vós, que ateais um incêndio, que preparais projéteis inflamáveis, ide ao fogo do vosso incêndio, e dos projéteis que fizestes arder! É minha mão que vos imporá esse tratamento: sereis prostrados nos tormentos.

Apóstolos

Quarta Leitura, da Epístola de SÃO TIAGO [1: 1-12]

iago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos da Dispersão, saúde. Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma. Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não duvidando; pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa, homem vacilante que é, e inconstante em todos os seus caminhos. Mas o irmão de condição humilde glorie-se na sua exaltação, e o rico no seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva. Pois o sol se levanta em seu ardor e faz secar a erva; a sua flor cai e a beleza do seu aspecto perece; assim murchará também o rico em seus caminhos. Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.

Quinta Leitura, da Epístola de SÃO TIAGO [1: 1-12]

eus irmãos: ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus. Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas. E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Pois se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era. Entretanto aquele que atenta bem para a lei perfeita, a da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será bem-aventurado no que fizer. Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo.

Sexta Leitura, da Epístola de SÃO TIAGO [2:1-13]

eus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido, e entrar também algum pobre com traje sórdido, e atentardes para o que vem com traje esplêndido e lhe disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao pobre: Fica em pé, ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, não fazeis, porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? Não blasfemam eles o bom nome pelo qual sois chamados? Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escritura: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores. Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos. Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.

No Ofício do Orthros (Matinas):

Evangelho

Evangelho de Jesus Cristo segundo o Evangelista São Lucas [10: 1-15]

aquele tempo, designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa. E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa. Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós. Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saíndo pelas ruas, dizei: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade. Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido. Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no juízo do que para vós. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás.

Na Divina Liturgia:

Apolitíkion da Quinta-feira Santa

«Enquanto os gloriosos discípulos eram iluminados pelo lava-pés, o ímpio Judas, enegrecido pelo amor ao dinheiro, vendeu aos indignos juízes o justo Juiz. ‘Ó Tu, que amas o dinheiro, olha aquele que se enforcou por causa dele!| Afasta-te, pois, deste desejo insaciável quem ousou realizar uma tal ação contra o Mestre. Mas Tu, Senhor, bom para todos, glória a Ti!»

Kondákion da Quinta-feira Santa

Quando Judas, o pérfido e traidor servo, tomou com suas mãos o pão, secretamente as estendeu para tomar o preço d’Aquele que, com suas mãos criou o homem; e (Judas) permaneceu incorrigível.

Prokímenon

Os príncipes conspiraram contra o Senhor e contra seu Cristo.
Vers.: Por que se enfureceram os gentios e meditaram os povos projetos vãos ?

Apóstolos

Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos CORÍNTIOS [11: 23-32].

rmãos, eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos. Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o mundo.

Aleluia

Vers.:O Senhor reina, ele está revestido de majestade, vestiu-se o Senhor de fortaleza e cingiu-se dela.
Vers. 2: Porque firmou a terra e ela não será abalada.

Evangelho

Evangelho chamado da «Nova Aliança». Trechos tirados de Mateus, João e Lucas:

Evangelho de Jesus Cristo segundo os santos Evangelistas MATEUS, LUCAS E JOÃO [Mt 26: 2-20; Jo 13: 3-17; Mt 26: 21-39; Lc 22: 43-45; Mt 26: 40-27: 2].

aquele tempo, disse o Senhor aos seus discípulos: “Sabeis que dentro de dois dias será a Festa da Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado”. Nessa ocasião, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo reuniram-se no palácio do Sumo Sacerdote, chamado Caifás, e resolveram prender Jesus à traição, para o matar. Diziam, no entanto: “Não seja durante a festa, para não haver tumulto entre o povo”. Quando Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, uma mulher chegou perto dele com um vaso feito de alabastro, cheio de precioso perfume e derramou-lhe sobre a cabeça enquanto ele estava à mesa: Vendo isso, os discípulos disseram indignados: “Para que tanto desperdício? Este perfume poderia ser vendido por um bom preço, e o dinheiro distribuído aos pobres. Ao ouvir isso, Jesus lhes disse: “Por que incomodais esta mulher? Ela me fez uma boa ação. Porque pobres sempre os tendes convosco, a mim, porém, nem sempre me tendes. Ao derramar este perfume no meu corpo, ela me ungiu para a sepultura. Eu vos garanto que, em qualquer parte do mundo onde este evangelho for anunciado, será também contado, em sua memória, que ela fez”. Então um dos Doze, chamado Judas. Iscariotes, foi falar com os sumos sacerdotes e lhes disse: “Quanto quereis dar-me, se eu vos entregar Jesus?” Eles decidiram dar-lhe trinta moedas de prata. E a partir de então, procurava uma ocasião oportuna para entregá-lo. No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: “Onde queres que te preparemos a Ceia da Páscoa?” Ele respondeu: “Ide à cidade, à casa de certo homem, e dizei-lhe: O Mestre mandou dizer: O meu tempo está próximo; quero celebrar em tua casa a Páscoa com os meus discípulos”. Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Ceia da Páscoa. Chegada à tarde, ele se pôs à mesa com os Doze. Jesus sabia que o Pai lhe tinha colocado todas as coisas nas mãos, sabia que tinha saído de Deus e para Deus voltava. Levantou-se então da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e amarrou-a na cintura. Depois, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha da cintura; ao chegar a Simão Pedro, este lhe disse: “Senhor, Tu me lavas os pés?” Jesus respondeu-lhe: “O que estou fazendo não entendes agora. Mais tarde compreenderás” “Jamais me lavarás os pés, disse Pedro”. Jesus respondeu: “Se não te lavar os pés, não terás parte comigo”. Simão Pedro disse: “Então, Senhor, não só os pés mas também as mãos e a cabeça”. Jesus lhe disse: “Quem se banhou precisa lavar só os pés, pois está todo limpo. Vós estais limpos, mas nem todos”. Jesus sabia quem havia de entregá-lo. Por isso disse: “Nem todos estais limpos”. Depois de lavar-lhes os pés, vestiu o manto, pôs-se de novo à mesa e perguntou-lhes: “Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se pois eu, Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que façais o mesmo que eu vos fiz. Na verdade, eu vos digo que o escravo não é maior do que o seu senhor, nem o mensageiro maior do que aquele que o enviou. Se compreenderdes isto e o praticardes, sereis felizes. E, enquanto comiam, disse-lhes: “Eu vos garanto que um de vós me entregará”. Muito tristes, começaram a dizer um por um: “Por acaso sou eu, Senhor?” Ele respondeu: “Quem põe comigo a mão no prato, esse me entregará. O Filho do homem segue seu caminho como dele está escrito; mas ai daquele por quem o Filho do homem for traído. Melhor seria para esse homem não ter nascido”. Então Judas, que ia entregá-lo, perguntou: “Por acaso sou eu, Mestre?” E ele respondeu: “Tu o disseste”. Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e pronunciou a bênção. Depois, partiu o pão e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. Em seguida, tomando um cálice, depois de dar graças deu-lhes dizendo: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, derramado por muitos, para o perdão dos pecados. Digo-vos que já não beberei deste fruto da videira até o dia em que o beberei de novo convosco no reino de meu Pai”. Depois de terem cantado os salmos, saíram para o monte das Oliveiras. Então Jesus lhes disse: “Todos vós ficareis decepcionados comigo esta noite, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Mas, depois de ressuscitar, irei à vossa frente para a Galiléia”. Pedro tomou a palavra e lhe disse: “Ainda que todos fiquem desapontados contigo, eu jamais me decepcionarei”. Jesus lhe respondeu: “Eu te garanto que nesta mesma noite, antes que o galo cante, já me terás negado três vezes”. Pedro insistiu: “Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei”. E o mesmo diziam todos os discípulos. Então Jesus se retirou com os discípulos para um sítio chamado Getsêmani e lhes disse: “Sentai-vos aqui, enquanto vou ali para orar”. Levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado. Então lhes disse: “Minha alma está triste até à morte. Ficai aqui em vigília comigo”. Adiantou-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orava, dizendo: “Pai, se for possível, afasta de mim este cálice, contudo não se faça como eu quero mas como tu queres”. Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E cheio de angústia orava com mais insistência. Seu suor tomou-se como gotas de sangue caindo por terra. Voltou aos discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: “Não fostes capazes de vigiar uma hora comigo? Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto mas a carne é fraca”. Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: “Pai, se este cálice não pode passar sem que eu dele beba, faça-se a tua vontade”. E, voltando outra vez, os encontrou adormecidos. É que eles tinham os olhos pesados de sono. Deixou-os de novo e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Então voltou até os discípulos e lhes disse: ”Dormi agora e descansai! Já se aproxima a hora e o Filho do homem vai ser entregue em mãos de pecadores. Levantai-vos! Vamos! Já se aproxima quem me vai entregar”. Jesus ainda estava falando, quando chegou Judas, um dos Doze, junto com um grande bando armado de espadas e cassetetes enviado pelos sumos sacerdotes e anciãos do povo. O traidor lhes tinha dado esta senha: “Aquele que eu beijar é Jesus; prendei-o”. Tão logo chegou, Judas aproximou-se de Jesus e disse: “Salve, Mestre!” E o beijou. Jesus lhe disse: “Amigo, faze o que tens a fazer”. Então eles avançaram sobre Jesus e o prenderam. Nisso um dos que estavam com Jesus meteu a mão na espada, puxou-a e feriu o escravo do Sumo Sacerdote decepando lhe a orelha. Jesus, porém, lhe disse: “Põe a espada na bainha, pois quem toma da espada, pela espada morrerá. Ou pensas que não posso pedir a meu Pai e ele me enviaria, neste instante, mais de doze legiões de anjos? Mas; nesse caso, como vão cumprir-se as escrituras, segundo as quais, é assim que deve acontecer?” Naquela hora, Jesus disse à multidão: ”Saístes para prender-me como se eu fosse um ladrão, com espadas e cassetetes? Todos os dias eu me assentava convosco ensinando no Templo, e não me prendestes. Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos Profetas”. Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram. Os que prenderam Jesus levaram-no a Caifás, o Sumo Sacerdote, onde os escribas e anciãos se haviam reunido. Pedro o seguiu de longe até o pátio do Sumo Sacerdote. Entrou ali e sentou-se junto com os guardas para ver como ia terminar. Os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam falsos testemunhos contra Jesus para condená-lo à morte. Mas não os encontraram, embora muitas testemunhas falsas se tivessem apresentado. Finalmente apresentaram-se duas testemunhas que disseram: “Este homem falou: ‘Posso destruir o Santuário de Deus e em três dias reconstruí-lo”‘. Então o Sumo Sacerdote levantou-se e perguntou: “Nada respondes ao que estes depõem contra ti?” Jesus, porém, permanecia calado. O Sumo Sacerdote lhe disse: “Conjuro-te pelo Deus vivo: dize-nos se tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus respondeu-lhe: ”Tu o disseste. Entretanto eu vos digo: Um dia vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu”. Então o Sumo Sacerdote rasgou as vestes e disse: “Blasfemou! Que necessidade temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfêmia. O que vos parece?” Eles responderam: “É réu de morte”. Então, começaram a cuspir-lhe no rosto e a dar-lhe bofetadas, e outros a lhe ferir o rosto e diziam: “Advinha, ó Cristo, quem foi que te bateu?'” Enquanto isso, Pedro estava sentado lá fora, no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse: “Tu também estavas com Jesus, o Galileu”. Mas ele negou diante de todos, dizendo: “Não sei o que dizes”. Mas, ao sair em direção à porta, outra criada o viu e disse aos que lá estavam: “Este homem estava com Jesus, o Nazareno”. E de novo ele negou com juramento que não conhecia o homem. Pouco depois, os que ali estavam chegaram perto dele e disseram: “De fato, tu também és um deles, pois teu sotaque te denuncia. Ele então começou a rogar pragas e a jurar que não conhecia o homem. Neste instante o galo cantou. Pedro se lembrou do que Jesus lhe dissera: “Antes que o galo cante, me negarás três vezes”. E, saindo para fora, Pedro chorou amargamente. Chegada a manhã, todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo reuniram-se em conselho contra Jesus para o condenarem à morte. Depois o levaram amarrado e o entregaram ao governador Pôncio Pilatos.

Após o Evangelho, segue a Liturgia de São Basílio com as seguintes alterações:

  • Em vez do Canto dos Querubins, do Kinonikón e do hino «Vimos a Verdadeira Luz», canta-se: «Na tua Ceia Mística…»
  • Em vez de «Verdadeiramente é Digno e Justo», canta-se: «Ó Cheia de Graça»;
  • A Bênção Final começa com: «Que o Cristo, nosso verdadeiro Deus, que na sua grande bondade, ao lavar os pés de seus discípulos, mostrando que a humildade é um excelente caminho e humilhou-se a si mesmo até à crucifixão e o sepultamento para a nossa salvação, tenha piedade de nós e salve-nos, pelas intercessões…»

Oikos da Santa e Grande Quinta-Feira

Com temor, aproximemo-nos todos da Mística Mesa e, com almas puras, recebamos o Pão Sagrado e permaneçamos com o Mestre. Observemos como ele lava os pés dos discípulos| e os enxuga com a toalha, e façamos o mesmo pondo-nos à serviço uns dos outros e lavando os pés uns aos outros, porque o próprio Cristo assim ordenou aos seus discípulos e se antecipou em faze-lo ele próprio. Mas Judas, o servo pérfido e traidor, não ouviu e permaneceu incorrigível.

Sinaxárion da Santa e Grande Quinta-Feira

Nesta Grande Quinta-feira Santa, os Santos Padres, que receberam as coisas divinas dos santos Apóstolos e os veneráveis Evangelhos de geração em geração, ordenaram-nos a celebrar quatro eventos: o honorável Lava-pés; a Ceia Mística; a esplendorosa Oração Milagrosa; e a entrega de nosso Senhor ao povo judeu por parte de Judas.

À tarde, após a Ceia, Deus, cujos pés pisaram o Éden, lavou, à noite, os pés de seus Discípulos. A Ceia apresenta duplo sentido: a Páscoa da Antiga Lei, e a Nova Páscoa, ou seja, o puríssimo Corpo do Senhor e seu Sangue precioso.

«Havias orado, ó Cristo, e foste tomado de tristeza e angústia. E em teu semblante manifestou-se o medo convertendo-se em frescor de sangue, como aquele que teme a aproximação da morte, para enganar o malvado inimigo que sopra o veneno. Que necessidade há de espadas e paus enganadores do perverso povo para Aquele que, com ânimo, se apressa para a morte que redimirá o mundo inteiro? Por tua inefável compaixão, Cristo, nosso Deus, tem piedade de nós. Amém.»

Hirmos da Santa e Grande Quinta-Feira

O Senhor Deus a nós se revelou, celebrai a festa e alegrai-vos e vinde, glorifiquemos a Cristo, levando palmas e ramos de oliveira e cantando-lhe hinos, dizendo: «Bendito o que vem em nome de Senhor, nosso Salvador!»

Kinonikón da Santa e Grande Quinta-Feira

«Recebe-me Senhor neste dia na tua mística Ceia, eu não desvendarei os mistérios aos teus inimigos, eu não te darei um beijo como Judas. Mas como o ladrão arrependido eu te confesso: Lembra-te de mim Senhor, quando entrares no teu Reino. Aleluia, aleluia, aleluia!

O Rito do Lava-pés

Evangelho (antes)

Evangelho de Jesus Cristo segundo o Evangelista São JOÃO [13: 1-115]

aquele tempo, um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Estava sendo servido o jantar, e o diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair Jesus. Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus e estava voltando para Deus; assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura. Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. Chegou-se a Simão Pedro, que lhe disse: “Senhor, vais lavar os meus pés?” Respondeu Jesus: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”. Disse Pedro: “Não; nunca lavarás os meus pés”. Jesus respondeu: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo”. Respondeu Simão Pedro: “Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça!” Respondeu Jesus: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos”. Pois ele sabia quem iria traí-lo, e por isso disse que nem todos estavam limpos.

Evangelho (após)

Evangelho de Jesus Cristo segundo o Evangelista São JOÃO [13: 12-17]

aquele tempo, quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: “Vocês entendem o que lhes fiz? Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem”.

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS

Pe. Pavlos, Hieromonge

«Quinta-Feira Santa» (a «Última Ceia»)

ois acontecimentos marcam a liturgia da grande e santa Quinta-feira: a última Ceia do Cristo com seus discípulos e a traição de Judas. Um e outro encontram seu sentido no amor. A última Ceia é a revelação última do amor redentor de Deus pelo homem, do amor enquanto a essência mesma da salvação. A traição de Judas, por sua vez, mostra que o pecado, a morte, a destruição de si mesmo, provêm também do amor, mas de um amor desfigurado, desviado daquilo que merece verdadeiramente ser amado. Tal é o mistério deste dia único cuja liturgia, impregnada ao mesmo tempo de luz e de trevas, de alegria e de dor, nos coloca diante de uma escolha decisiva da qual depende o destino eterno de cada um de nós.

“Jesus, sabendo que era chegada a hora de passar deste mundo para seu Pai, tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13, 1). Para compreender de fato a última Ceia, é preciso ver nela o desembocar deste grande movimento de amor divino que começou com a criação do mundo e que, agora, irá atingir sua plenitude na morte e na ressurreição do Cristo.

“Deus é Amor” (Jo 4,8). E o primeiro dom do Amor foi a vida. Esta era essencialmente uma comunhão. Para viver, o homem devia se nutrir, comer e beber, comungar o mundo. O mundo era, pois, amor divino tornado alimento, tornado corpo do homem. Estando vivo, isto é, comungando o mundo, o homem devia estar em comunhão com Deus, fazer de Deus a finalidade e a substância de sua vida. Comungar o mundo recebido de Deus era, na verdade, comungar Deus. O homem recebia seu alimento de Deus e, transformando-o em seu corpo e sua vida, ele oferecia o mundo inteiro a Deus, ele o transformava em vida em Deus e com Deus. O amor de Deus havia dado a vida ao homem, o amor do homem por Deus transformava esta vida em comunhão com Deus. Era o Paraíso. A vida ali era de fato eucarística. Pelo homem, por seu amor por Deus, toda a criação devia ser santificada e transformada em sacramento universal da presença divina, e o homem era o padre deste sacramento.

Mas, pelo pecado, o homem perdeu esta vida eucarística. Ele a perdeu, porque deixou de olhar o mundo como um meio de comunhão com Deus e sua vida como uma eucaristia, uma adoração e um louvor… ele amou-se a si próprio e ao mundo em si mesmo; ele se fez centro e fim de sua própria vida. Ele imaginou que a fome a sede, quer dizer, o estado de dependência no qual se encontrava sua vida com relação ao mundo, poderiam ser satisfeitas pelo próprio mundo, pelo alimento como tal. Mas o mundo e o alimento, se forem despojados de seu sentido primordial de sacramentos, ou seja, meios para comunhão com Deus, se não forem acolhidos com fome e sede de Deus; em outras palavras, se Deus não está mais ali, o mundo e o alimento não podem mais dar a vida, nem satisfazer fome alguma, pois eles não têm a vida em si mesmos. Amando-os por eles mesmos, o homem desviou seu amor do único objeto de todo amor, de toda fome, de todo desejo… e ele morreu. Porque a morte é a inevitável “decomposição” da vida amputada de sua única fonte e daquilo que lhe dá seu sentido.

O homem encontra a morte ali onde ele esperava encontrar a vida. Sua vida tornou-se uma comunhão com a morte, porque em lugar de transformar o mundo em comunhão com Deus pela fé, pelo amor e pela adoração, ele submete-se inteiramente ao mundo; ele deixou de ser o padre para tornar-se o escravo dele. E por este pecado do homem, o mundo inteiro tornou-se um cemitério onde os povos, condenados à morte, comungam a morte, “plantados nas trevas da morte” (Mt 4, 16).

O homem traiu, mas Deus permaneceu fiel ao homem. Como nós dizemos na Liturgia de São Basílio: “Tu não rejeitaste para sempre a criatura que afeiçoaste, Ó Deus de bondade, nem esqueceste a obra de Tuas mãos; mas Tu a visitaste de várias maneiras na ternura de Teu coração.” Uma nova obra divina ia começar: a da redenção e da salvação. Ela se cumpriria no Cristo, o Filho de Deus, que para dar outra vez ao homem sua beleza original e devolver à sua vida o caráter de comunhão com Deus, se fez homem, tomou sobre Si nossa natureza, com sua sede e sua fome, com seu desejo e amor pela vida. Nele, a vida foi revelada, dada, aceita, cumprida como uma perfeita eucaristia, uma total e perfeita comunhão com Deus. O Cristo rejeitou a tentação fundamental do homem, “viver somente do pão,” e revelou que é Deus e seu Reino que são o verdadeiro alimento, a verdadeira vida do homem. E desta perfeita vida eucarística, repleta de Deus, portanto divina e imortal, ele faz dom a todos aqueles cuja vida encontra nele todo seu sentido e seu conteúdo. Tal é a rica significação da última Ceia. O Cristo se oferece como alimento verdadeiro do homem, pois a vida manifestada nele é a verdadeira vida. Assim, o movimento de amor que começa no Paraíso com o divino “tomai e comei. . ” (porque se nutrir é a vida do homem) atinge sua plenitude com o “Tomai e comei” do Cristo (porque Deus é a vida do homem). A última Ceia recria o Paraíso de delícias, restaura a vida enquanto eucaristia e comunhão.

Esta hora de amor extremo é também a da mais extrema traição. Judas deixa a luz da câmara alta para afundar-se dentro da noite. “Era de noite” (Jo 13, 30). Por que ele parte? “Ele ama,” responde o Evangelho, e os hinos da Quinta-feira santa sublinham diversas vezes este amor fatal. Importa pouco, com efeito, que este amor consista no “dinheiro.” O dinheiro aqui, simboliza todo amor pervertido e desviado que leva o homem a trair a Deus. É um amor roubado a Deus e Judas é, pois, o “ladrão.” O homem, mesmo se não é mais Deus ou em Deus que ele ama, não cessa de amar e de desejar, pois ele foi criado para o amor, e o amor é a sua própria natureza; mas é então uma paixão cega e auto-destrutiva e a morte é dela o fim. A cada ano, quando nos afogamos nesta luz e nesta profundeza insondáveis da grande Quinta-feira, a mesma questão crucial nos é colocada: respondo ao amor do Cristo e aceito que ele se torne minha vida, ou serei eu o Judas na Sua noite?

Os ofícios da grande Quinta-feira compreendem: as matinas, as vésperas seguidas da Liturgia de São Basílio, o Grande. Nas igrejas catedrais, o lava-pés tem lugar após à Liturgia; enquanto o Diácono lê o Evangelho, o bispo lava os pés de doze padres, nos relembrando que é o amor do Cristo que é o fundamento da vida na Igreja e que, no seio desta, está o modelo de toda relação. É também nesta grande Quinta-feira que os santos óleos são consagrados pelos chefes das Igrejas autocéfalas; esta cerimônia significa que o amor novo do Cristo é o dom que recebemos do Espírito no dia de nossa entrada na Igreja.

Nas matinas, o tropário dá o tema do dia: a oposição entre o amor do Cristo e o desejo insaciável de Judas:

«Enquanto que os gloriosos discípulos
estavam iluminados pela lavagem dos pés,
o ímpio Judas, enegrecido pelo amor ao dinheiro,
vendeu aos juizes indignos o justo Juiz.
“Ó Tu, amante do dinheiro,
olha aquele que se enforcou por causa dele!
Afasta-te pois deste desejo insaciável,
quem ousou realizar uma tal ação contra o Mestre.
“Mas Tu, Senhor, bom para todos, glória a Ti!»

Depois da leitura do Evangelho (Lc 12, 1-40), o belo cânon de São Cosme nos introduz na contemplação do mistério da última Ceia, de seu lado místico e eterno. O hirmos da nona ode nos convida a tomar parte no banquete ao qual o Senhor nos convida:

«Vinde, vós os crentes!
Alegremo-nos da hospitalidade do Senhor
no banquete da imortalidade,
na câmara alta, elevando nossos corações…»

Nas vésperas, os stykeroi sublinham o outro pólo, trágico, desta grande Quinta-feira, a traição de Judas:

«Judas, como servidor, mostrou-se pérfido em suas obras;
como discípulo mostrou-se urdidor de conspiração;
como amigo, revelou-se demônio.
Ele acompanhava seu Mestre,
mas no seu íntimo, meditava a traição…»

Após a Entrada, faz-se três leituras do Velho Testamento:

Êxodo 19:10-19 – A descida de Deus do monte Sinai em direção a seu povo, imagem da vinda de Deus na Eucaristia.
Jó 38, 1-24 e 42:1-5 – Fala de Deus a Jó, e resposta deste: “Eu falei sem compreensão de maravilhas que me ultrapassam e que eu ignoro…” — e estas maravilhas divinas são cumpridas no dom do Corpo de Cristo e de seu Sangue.
Is 50, 4-11 – Começo das profecias do Servo sofredor.
A Epístola é tirada de São Paulo, 1Cor 11, 23-32; é o relato da última Ceia, dando o sentido da comunhão.

A leitura do Evangelho (a mais longa do ano) é formada de trechos de quatro evangelistas e nos faz ouvir o relato completo da última Ceia, da traição de Judas e da prisão de Cristo no jardim.

O hino dos Querubins e a antífona da comunhão são substituídos pelas palavras da oração antes da comunhão:

«Recebe-me Senhor neste dia na tua mística Ceia
Eu não desvendarei os mistérios aos teus inimigos
Eu não te darei um beijo como Judas
Mas como o ladrão arrependido eu te confesso.
Lembra-te de mim Senhor no Teu Reino. Aleluia! Aleluia! Aleluia!»

FONTE: Alexandre Schmémann, Olivier Clément:
«O Mistério Pascal – Comentários Litúrgicos»

A QUINTA-FEIRA SANTA

Thomas Hopko

vigília da Grande Quinta-Feira Santa é dedicada exclusivamente à Ceia Pascal que Cristo compartilhou com seus doze apóstolos. O tema principal deste dia é a própria Ceia durante a qual Cristo exortou que a Páscoa da Nova Aliança fosse comida em sua memória, de seu Corpo partido e seu Sangue derramado pela remissão dos pecados. A traição de Judas e o Lava-pés dos discípulos por Jesus Cristo também são temas centrais na comemoração litúrgica deste dia.

Durante a vigília da Grande Quinta-feira, é lido o relato da Última Ceia tomado do Evangelho de Lucas. Na Divina Liturgia, a leitura do Evangelho é composta de partes dos relatos dos quatro Evangelistas. Os outros hinos e leituras do dia também se referem a este mesmo e central mistério.

«Enquanto os gloriosos discípulos eram iluminados pelo Lava-pés,
o ímpio Judas, enegrecido pelo amor ao dinheiro,
vendeu aos indignos juízes o justo Juiz.
‘Ó Tu, amante do dinheiro,
olha aquele que se enforcou por causa dele!
Afasta-te, pois, deste desejo insaciável,
de quem ousou realizar uma tal ação contra o Mestre’.
Mas Tu, Senhor, bom para todos, glória a Ti!»

(Tropário da Quinta-feira Santa).

Na Quinta-feira Santa, a Divina Liturgia de São Basílio, o Grande, é celebrada juntamente com o Ofício de Véspera. O extenso Evangelho da Última Ceia é lido após as leituras de Êxodo, Jó, Isaías, e o capítulo 11 da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. Em vez do Hino dos Querubins, no Ofertório da Divina Liturgia (a Grande Entrada), o hino seguinte é cantado, bem como durante e após a Comunhão.

«Recebe-me Senhor neste dia na tua mística Ceia; eu não desvendarei os mistérios aos teus inimigos; eu não te darei um beijo como Judas. Mas como o ladrão arrependido eu te confesso: Lembra-te de mim Senhor, quando entrares no Teu Reino.

A celebração litúrgica da Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa não é apenas um simples memorial anual da “instituição” do mistério da Santa Eucaristia. Da mesma forma, o evento da Ceia Pascal não foi um ato de última hora por parte de Jesus para “instituir” o mistério central da Fé Cristã antes de Sua Paixão e Morte. Pelo contrário, toda a missão de Cristo e, até mesmo o próprio escopo da criação do mundo é para que a criatura bem-amada de Deus, feita à sua própria imagem e semelhança, pudesse estar em comunhão mais íntima com Ele por toda a eternidade, participando de sua mesa na eternidade do Reino. Isto é o que Cristo proclama aos seus apóstolos na Ceia, e a todos aqueles que escutam suas palavras e creem n’Ele e no Pai que o enviou.

“Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino”. (Lucas 12:32)

“E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu vos destino o reino, como meu Pai me destinou, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino”… (Lucas 22:28-30).

Portanto, podemos realmente dizer que o Corpo partido e o Sangue vertido sobre os quais Jesus fez referência em Sua Última Ceia com os Discípulos não foi meramente uma antecipação dos eventos históricos que estavam por vir. Mas, pelo contrário, era tudo o que haveria de vir – a Cruz, o Sepulcro, a Ressurreição no terceiro dia, a Ascensão ao céu – tudo se deu precisamente para que o ser humano pudesse entrar em comunhão eterna com Deus.

Portanto, a “Ceia Mística do Filho de Deus” que é continuamente celebrada na Divina Liturgia aos domingos e dias de festas é a própria essência do que será a vida no Reino de Deus por toda a eternidade.

«Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus» (Apocalipse 19:9).

Nós, ortodoxos, apoiados no testemunho dos Santos Padres, cremos e sabemos que o mistério da bênção do óleo, ou da Unção, em geral, sempre existiu na Igreja de Cristo, mas que no início se manifestou de forma mais simples. A unção com o Santo Óleo para a cura das enfermidades, a remissão dos pecados e antes da morte é frequentemente lembrada pelos santos orientais e ocidentais da Igreja, e constituía a prática geral do culto.

FONTE: Boletím «A Divina Liturgia de São Basílio e os Doze Evangelhos -2020»
Publicação da Sacra Arquidiocese de Buenos Aires, Exarcado da América do Sul – Patriarcado Ecumênico
Tradução de Pe. André Sperandio

Referências Bibliográficas:

  • BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
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