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13 de junho: O «Espírito Santo»

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13 de junho: O «Espírito Santo»

13 de junho de 2022 | By ecclesia
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«O Espírito Santo» (Primeira Segunda-feira após Pentecostes)

Comemoração dos Ss. Aquilina de Byblos, virgem e mártir (+293); Teodoro, mártir; Trífilo, bispo de Nicósia, Chipre (c. +370); Andrônico (+1395) e Sábas (séc. XV), monges de Moscou; Alexandra Melgunova de Diveyevo, monja (+1789); Sinaxe dos Santos da América do Norte.

Na Segunda-feira, após a Festa de Pentecostes, o calendário da Santa Igreja Ortodoxa nos recorda a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Divino Paráclito, o Consolador, nosso Advogado e Intercessor e Defensor diante de Deus, o Espírito Santo.

Na Divina Liturgia:

Primeira Antífona (Modo 2º)

Vers. 1: Os céus contam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de suas mãos.
Vers. 2: O dia entrega a mensagem a outro dia, e a noite a faz conhecer a outra noite.
Vers. 3: Não há termos, não há palavras, nenhuma voz que deles se ouça.
Vers. 4: Mas, por toda a terra espalhou-se a sua voz, e até aos confins do mundo foram as suas palavras.

Glória… Agora e sempre….

Στίχ. α´. Οἱ οὐρανοὶ διηγοῦνται δόξαν Θεοῦ, ποίησιν δὲ χειρῶν αὐτοῦ ἀναγγέλλει τὸ στερέωμα.
Στίχ. β’. Ἡμέρα τῇ ἡμέρᾳ ἐρεύγεται ῥῆμα καὶ νὺξ νυκτὶ ἀναγγέλλει γνῶσιν.
Στίχ. γ’, Οὐκ εἰσὶ λαλιαὶ οὐδὲ λόγοι ὧν οὐχὶ ἀκούονται αἱ φωναὶ αὐτῶν.
Στίχ δ. Εἰς πᾶσαν τὴν γῆν ἐξῆλθεν ὁ φθόγγος αὐτῶν, καὶ εἰς τὰ πέρατα τῆς οἰκουμένης τὰ ῥήματα αὐτῶν.

Δόξα Πατρὶ … Καὶ νῦν καὶ ἀεὶ…

Segunda Antífona (Mesmo Modo que a anterior)

Vers. 1: Que o Senhor te responda no dia da angústia, que o nome do Deus de Jacó te proteja!

Salva-nos! ó bondoso Paráclito, a nós que a Ti cantamos: Aleluia!

Vers. 2: Que do santuário ele te envie um socorro e te sustente desde Sião!
Vers. 3: Que recorde tuas ofertas todas e aprecie o teu holocausto!

Glória… Agora e sempre…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…

Στίχ. α´. Ἐπακούσαι σου Κύριος ἐν ἡμέρᾳ θλίψεως, ὑπερασπίσαι σου τὸ ὄνομα τοῦ Θεοῦ Ἰακώβ.

Σῷσον ἡμᾶς, Παράκλητε ἀγαθέ, ψάλλοντάς σοι, Ἀλληλούϊα.

Στίχ. β’. Ἐξαποστείλαι σοι βοήθειαν ἐξ ἁγίου, καὶ ἐκ Σιὼν ἀντιλάβοιτό σου.
Στίχ. γ’. Μνησθείη πάσης θυσίας σου, καὶ τὸ ὁλοκαύτωμά σου πιανάτω.

Δόξα Πατρί… Καὶ νῦν…
Ὁ Μονογενὴς Υἱὸς καὶ Λόγος…

Terceira Antífona (Modo 4º)

Vers. 1: Senhor, o rei se alegra com tua força, e como exulta com tua salvação!

Στίχ. α´. Κύριε, ἐν τῇ δυνάμει σου εὐφρανθήσεται ὁ Βασιλεύς, καὶ ἐπὶ τῷ σωτηρίῳ σου ἀγαλλιάσεται σφόδρα.

Apolitíkion da Festa (Modo Pl. 4º)

Tu és bendito, ó Cristo nosso Deus, que tornaste os pescadores cheios de sabedoria, enviando-lhes o Espírito Santo, e por eles enredaste o Universo. Ó Filantropo, glória a Ti!

Εὐλογητὸς εἶ, Χριστὲ ὁ Θεὸς ἡμῶν, ὁ πανσόφους τοὺς ἁλιεῖς ἀναδείξας, καταπέμψας αὐτοῖς τὸ Πνεῦμα τὸ ἅγιον, καὶ δι’ αὐτῶν τὴν οἰκουμένην σαγηνεύσας, φιλάνθρωπε, δόξα σοι.

E, repete-se a cada versículo da Antífona que segue:

Vers. 2: Concedeste o desejo de seu coração, não negaste o pedido de seus lábios!
Vers. 3: Pois Tu o precedes com bênçãos felizes, cinges com coroa de ouro sua cabeça.
Vers. 4: Ele te pediu a vida e Tu a concedeste, dias sem fim, para sempre.

Στίχ. β´. Τὴν ἐπιθυμίαν τῆς καρδίας αὐτοῦ ἔδωκας αὐτῷ καὶ τὴν θέλησιν τῶν χειλέων αὐτοῦ οὐκ ἐστέρησας αὐτόν.
Στίχ. γ’. Ὅτι προέφθασας αὐτὸν ἐν εὐλογίαις χρηστότητος, ἔθηκας ἐπὶ τὴν κεφαλὴν αὐτοῦ στέφανον ἐκ λίθου τιμίου.
Στίχ δ. Ζωὴν ᾐτήσατό σε, καὶ ἔδωκας αὐτῷ μακρότητα ἡμερῶν εἰς αἰῶνα αἰῶνος.

Isodikón

Levanta-te, Senhor, com tua potência; cantaremos e celebraremos o teu poder. Salva-nos! ó bondoso Paráclito,

… a nós que a Ti cantamos: Aleluia!

Δεῦτε προσκυνήσωμεν καὶ προσπέσωμεν Χριστῷ, σῶσον ἡμᾶς Υἱὲ Θεοῦ ὁ ἀναστάς ἐκ νεκρῶν…

…ψάλλοντάς σοι, Ἀλληλούϊα.

Kondákion da Festa (Modo Pl. 4º)

Quando, outrora, desceu à terra o Altíssimo, confundiu as línguas e dispersou as nações; mas, quando distribuiu as línguas de fogo, chamou a todos os povos à unidade. Numa só voz, glorifiquemos o Espírito de toda santidade.

Ὅτε καταβὰς τὰς γλώσσας συνέχεε, διεμέριζεν ἔθνη ὁ Ὕψιστος, ὅτε τοῦ πυρὸς τὰς γλώσσας διένειμεν, εἰς ἑνότητα πάντας ἐκάλεσε, καὶ συμφώνως δοξάζομεν τὸ πανάγιον Πνεῦμα.

Triságion

Vós, que em Cristo, fostes batizados, de Cristo vos revestistes. Aleluia! (3)
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
De Cristo vos revestistes. Aleluia!

Vós, que em Cristo, fostes batizados, de Cristo vos revestistes. Aleluia!

Ὅσοι εἰς Χριστὸν ἐβαπτίσθητε, Χριστὸν ἐνεδύσασθε. Ἀλληλούϊα. (ἐκ γʹ)
Δόξα Πατρὶ καὶ Υἱῷ καὶ Ἁγίῳ Πνεύµατι. Καὶ νῦν καὶ ἀεί, καὶ εἰς τοὺς αἰῶνας τῶν αἰώνων. Ἀµήν.
Χριστὸν ἐνεδύσασθε. Ἀλληλούϊα.

Ὅσοι εἰς Χριστὸν ἐβαπτίσθητε, Χριστὸν ἐνεδύσασθε. Ἀλληλούϊα.

Prokímenon (Modo Pl. 4º)

Refrão: Salva, Senhor, o teu povo e abençoa a tua herança.
Vers.: Alegrai-vos ó justos no Senhor!

Σῶσον, Κύριε, τὸν λαὸν σου καὶ εὐλόγησον τὴν κληρονομίαν σου.
Στίχ.  Πρὸς σέ, Κύριε κεκράξομαι ὁ Θεὸς μου.

Epístola (Apóstolos)

Epístola do Apóstolo São Paulo aos EFÉSIOS (5: 8-19).

rmãos, outrora éreis treva, mas agora sois luz no Senhor: andai como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade e justiça e verdade. Procurai discernir o que é agradável ao Senhor e não sejais participantes das obras infrutuosas das trevas, antes denunciai-as, pois o que eles fazem em oculto até o dizê-lo é vergonhoso. Mas tudo o que é condenável é manifesto pela luz pois é luz tudo o que é manifesto. É por isso que se diz: Ó tu, que dormes, desperta e levanta-te de entre os mortos, que Cristo te iluminará. Vede, pois, cuidadosamente como andais: não como tolos, mas como sábios, tirando bom proveito do período presente, porque os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas procurai conhecer a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, que é a porta para a devassidão, mas buscai a plenitude do Espírito. Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração.

Aleluia

Vers. 1: Tem piedade de mim, ó Deus, por tua grande misericórdia, e segundo a multidão de tuas comiserações, apaga as minhas transgressões.
Vers. 2: Não desvie de mim teu rosto, e teu Espírito Santo não se afaste de mim.

Στίχ. αʹ. Ἐλέησόν με, ὁ Θεός, κατὰ τὸ μέγα ἔλεός σου καὶ κατὰ τὸ πλῆθος τῶν οἰκτιρμῶν σου ἐξάλειψον τὸ ἀνόμημά μου.
Στίχ. βʹ. Μὴ ἀποῤῥίψῃς με ἀπὸ τοῦ προσώπου σου καὶ τὸ πνεῦμά σου τὸ ἅγιον μὴ ἀντανέλῃς ἀπ’ ἐμοῦ.

Evangelho

Santo Evangelho de Jesus Cristo segundo e Evangelista São MATEUS (18: 10-20).

aquele tempo, disse Jesus: não desprezeis nenhum desses pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus veem continuamente a face de meu Pai que está nos céus. Que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas, e uma delas se extravia, não deixa ele as noventa e nove no monte para ir à procura da extraviada? E, se consegue achá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria com ela do que com as noventa e nove que se não se extraviaram. Assim, também, não é da vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca. Se teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós. Se ele te ouvir, ganhaste o teu irmão. Se não te ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão seja decidida pela palavra de duas ou três testemunhas. Caso não lhes der ouvido, dizei-o à igreja. Se nem mesmo à igreja der ouvido, trata-o como o gentio ou o publicano. Em verdade ainda vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu, e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. Em verdade, ainda vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai, que está nos céus. Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles.

Hirmós (Modo 4º)

Em vez de «Verdadeiramente é digno e justo…» canta-se:

Alegra-te, gloriosa Rainha, Virgem e Mãe! Pois, que orador, por mais eloquente, encontrará conveniente modo para te elogiar dignamente? Pois toda língua e espírito emudecem diante do mistério de tua maternidade divina. Também hoje, em coro, elevamos nossos louvores a ti.

Χαίροις Ἄνασσα, μητροπάρθενον κλέος. Ἅπαν γὰρ εὐδίνητον εὔλαλον στόμα, Ῥητρεῦον, οὐ σθένει σε μέλπειν ἀξίως. Ἰλιγγιᾷ δὲ νοῦς ἅπας σου τὸν τόκον Νοεῖν, ὅθεν σε συμφώνως δοξάζομεν

Kinonikón (Modo Grave)

O teu bom Espírito me conduzirá pela terra da retidão. Aleluia, aleluia, aleluia!

Τὸ Πνεῦμά σου τὸ ἀγαθὸν ὁδηγήσει με ἐν γῇ εὐθείᾳ. Ἀλληλούϊα.

Obs.:

  • Em vez de “Axion Estin…”, canta-se o Hirmos acima.
  • Em vez de “Vimos a verdadeira luz…”, canta-se o Apolitikion da festa;
  • Bênção Final: “…Que enviou do céu seu Espírito Santo sobre seus santos discípulos e apóstolos sob forma de línguas de fogo…”
    Encerra-se a festa no sábado seguinte.

Kinonikón (Modo Grave)

O teu bom Espírito me conduzirá pela terra da retidão. Aleluia, aleluia, aleluia!

Τὸ Πνεῦμά σου τὸ ἀγαθὸν ὁδηγήσει με ἐν γῇ εὐθείᾳ. Ἀλληλούϊα.

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS

Pe. Pavlos, Hieromonge

O Espírito Santo na Tradição Ortodoxa

Paul Evdokimov*

imone Weil encontrou uma imagem surpreendente de verdade:

“Invocar o Espírito pura e simplesmente; um apelo, um grito. Como quando se está no limite da sede, que se está doente de sede, já não nos representamos o ato de beber em relação a si mesmo, nem mesmo em geral o ato de beber. Representamo-nos somente a água, a água tomada por si mesma, mas esta imagem da água é como um grito de todo o ser”.

Os Padres exprimem a mesma verdade em termos teológicos, mas desde que se trate do Espírito Santo, eles renunciam às expressões habituais, falam uma outra linguagem, cheia de uma admiração sem limites, uma espécie de embriaguez.

O Espírito desce no mundo, mas a sua Pessoa dissimula-se na sua própria epifania (aparição). Ele manifesta-se apenas nos seus dons e nos seus carismas. O grande mistério cobre-o. As suas imagens na Escritura são imprecisas e fugitivas: sopro, chama, perfume, unção, pomba, sarça ardente. São Simeão, o Novo Teólogo, diz:

“O Teu Nome, tão desejado e constantemente proclamado, ninguém poderia dizer aquilo que ele é”.

Na Epifania, desce do céu como uma Pomba e repousa sobre Jesus. Nas suas manifestações, ele é um movimento “para Jesus”, a fim de o tornar visível e manifesto. A sua presença está escondida no Filho como o sopro e a voz que se apagam diante da palavra que eles tornam audível. Se o Filho é a imagem do Pai e o Espírito Santo a imagem do Filho; o Espírito, dizem os Padres, é único a não ter a sua imagem numa outra Pessoa, ele é essencialmente misterioso.

A Economia Trinitária da Salvação

A Igreja é ao mesmo tempo fundada sobre a Eucaristia e sobre o Pentecostes. O Verbo é o Espírito, as “duas mãos do Pai”, segundo a expressão de Santo Ireneu, são inseparáveis na sua ação manifestadora do Pai e, no entanto inefavelmente distintos. O Espírito não é subordinado ao Filho, ele não é função do Verbo, ele é o Segundo Paráclito, como o diz São Gregório Nazianzeno: “Ele é um outro Consolador… como se ele fosse um outro Deus”. Vemos nas duas economias do Filho e do Espírito a reciprocidade e o mútuo serviço, mas o Pentecostes não é uma simples consequência nem uma continuação da Encarnação. O Pentecostes tem todo o valor em si mesmo, ele é o segundo ato do Pai: O Pai envia o Filho e agora envia o Espírito Santo. Terminada sua missão, o Cristo volta para o Pai para que o Espírito desça em Pessoa.

São Simeão, o Novo Teólogo, sublinha o caráter pessoal da missão do Espírito:

“O Espírito não permanece estranho à vontade da sua missão… Ele realiza pelo Filho aquilo que o Pai deseja, como se fosse o seu próprio querer”.

Ao mesmo tempo, ele nos “consola” da ausência visível do Cristo. A palavra Paraclitos significa: “aquele que é chamado junto”, aquele que está “perto de nós” como nosso defensor, advogado e testemunha da nossa salvação pelo Cristo.

O Pentecostes aparece como o fim último da economia trinitária da salvação. Ao acompanharmos os Padres, podemos dizer que o Cristo é o grande Precursor do Espírito Santo.

Santo Atanásio diz:

“O Verbo assumiu a carne para que nós pudéssemos receber o Espírito Santo. Deus fez-se sarcóforo para que o homem se pudesse tornar pneumatóforo”.

Para São Simeão, o Novo Teólogo:

“Tais eram a finalidade e o objetivo de toda a obra de nossa salvação pelo Cristo, que os crentes recebam o Santo Espírito”.

Igualmente, Nicolau Cabasilas:

“Qual é o efeito e o resultado dos atos do Cristo?… não é nada mais que a descida do Santo Espírito sobre a Igreja”. O próprio Senhor o diz: “E melhor para vós que eu parta… Eu suplicarei ao Pai e Ele vos dará um outro Paráclito”.

Assim a Ascensão do Cristo é a epiclese por excelência porque divina; o Filho suplica ao Pai que dê o Espírito Santo e, como resposta à súplica, o Pai envia o Espírito e faz vir o Pentecostes. Essa visão total das economias não diminui em nada o caráter central da Redenção crística e do sacrifício do Cordeiro, mas precisa a ordem progressiva dos acontecimentos e mostra o Filho e o Espírito cada um na sua própria grandeza e dimensão, cada um servindo o outro numa reciprocidade e num mútuo serviço e convergindo em conjunto para o Reino do Pai.

Durante a missão terrestre do Cristo, a relação dos homens ao Espírito Santo apenas se realizava em Cristo e pelo Cristo. Em compensação, após o Pentecostes é a relação ao Cristo que se realiza pelo Espírito e no Espírito Santo.

Com efeito, na época do Evangelho, o Cristo era historicamente visível, ele estava diante dos seus discípulos. A Ascensão suprime a visibilidade histórica: “O mundo não me verá mais” e nisso a partida do Senhor é real. Mas o Pentecostes restitui ao mundo a presença interiorizada do Cristo e o revela agora não diante, mas no interior dos seus discípulos. “Eu virei a vós… eu estarei convosco até ao fim do mundo”; a presença do Senhor é tão real como a sua partida. “Nesse dia (dia de Pentecostes) vós conhecereis que eu estou em vós.” Essa interiorização opera-se justamente pelo Espírito Santo, como o diz São Paulo: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Santo Espírito” (Rm 5,5). É pelo espírito que nós dizemos “Abba Pai” e pronunciamos o Nome de Jesus.

Na expressão “um outro Consolador”, podemos entender quase a identificação que faz o Cristo entre a vinda do Espírito e o seu próprio retorno. Esse outro Consolador, justamente allos e não heteros, outro mas não novo, quase o mesmo e porém manifestado de outro modo. Agora ele é biúnico, pois a ele se aplica a palavra relativa ao Espírito: “Para que ele permaneça eternamente em vós” e também a palavra relativa ao Cristo: “E eis que eu estou convosco para sempre, até ao fim do mundo”. O Paráclito é ao mesmo tempo o Cristo sobre o qual repousa Espírito e ele é o Espírito que revela e manifesta o Cristo, na sua inseparável simultaneidade e serviço recíproco.

Assim o Pentecostes começa a história da Igreja, inaugura a Parusia e antecipa o Reino, O Espírito integra-nos ao Corpo como os “co-herdeiros” de Cristo, faz-nos “filhos no Filho” e no Filho faz-nos encontrar o Pai. O Espírito de adoção opera a filiação divina e Santo Ireneu aplica à Igreja o nome de “filho de Deus”, filho adotivo do Pai.

Segundo 2 Cor 3,17-18:

“Pois o Senhor é o Espírito e, lá onde está o Espírito, está a liberdade. Nós todos que refletimos a glória somos transformados, como convém, à ação do Senhor, que é o Espírito”

Ao lado do Senhorio do Cristo, se estabelece o senhorio do Espírito. A identificação do Reino ao Espírito, frequente nos Padres, refere-se a uma variante da oração dominical: em vez de “que venha o teu Reino”, lê-se: “que venha o teu Espírito Santo”.

Esta invocação marca o último ato da salvação, o retorno ao Pai e o seu Senhorio supremo:

“E quando todas as coisas lhe forem submetidas, então o próprio Filho se submeterá Aquele que tudo lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em tudo”, “ele confiará a realeza a Deus Pai”.

A noção de Igreja-Corpo passa para a noção de Igreja-Família, Igreja-Casa do Pai, à imagem da Trindade.

Notas.:

* 1901-1970), teólogo leigo, cristão ortodoxo, nasceu em São Petersburgo (Rússia) e, no contexto da revolução russa imigrou para França onde começou por trabalhar como operário numa indústria de automóveis. Mais tarde foi professor no Instituto São Sérgio, de Paris. O seu empenho em favor do diálogo ecumênico e aproximação entre as espiritualidades cristãs do Oriente e Ocidente valeu-lhe um convite, como observador, para o Concílio Vaticano II.

Referências Bibliográficas:

  • BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
  • O Espírito Santo na Tradição Ortodoxa, Editora Ave-Maria, São Paulo: 1996 (I Edição)
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