«Domingo de Tomé» ou «Domingo Novo» (2º Domingo da Páscoa - Modo 1º)
Comemoração dos Ss. Profeta Jeremias; Maria de Furna, a nova mártir, Mirabela de Creta; Eutímio, Inácio e Acácio (+1814), monges mártires do Monte Atos; Hieromártir Macário, metropolita de Kiev (+1497); Gerásimo de Boldinsk, monge (+1554); Pafúncio de Borov, abade (+1478); Tamara, a Grande, rainha da Geórgia (+1213); Nicéforos, monge de Chios; Asafe, Bispo do País de Gales.
No Orthros (Matinas):
Evangelho (Eoth. 1)
Santo Evangelho segundo e Evangelista São MATEUS (28: 16-20)
aquele tempo, os onze discípulos caminharam para a Galileia, à montanha que Jesus lhes determinara. Ao vê-lo, prostraram-se diante dele. Alguns, porém, duvidaram. Jesus, aproximando-se deles, falou: “Todo poder foi me dado no céu e sobre a terra. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”. Amém.
Na Divina Liturgia:
Primeira Antífona (Modo 2º)
Vers. 1: Aclama a Deus, terra inteira!
Vers. 2: Canta a glória do seu Nome, dá glória ao seu louvor.
Vers. 3: Diz a Deus: quão temível és Tu em tuas obras; pela grandeza de teu poder se submeterão a Ti os teus inimigos!
Vers. 4: Diante de Ti toda a terra se prostre e te cante louvores.
Glória… Agora e sempre….
Στίχ. α´. Ἀλαλάξατε τῶ Κυρίω πᾶσα ἡ γῆ.
Στίχ. β’. Ψάλατε δὴ τῶ ὀνόματι αὐτοῦ, δότε δόξαν ἐν αἰνέσει αὐτοῦ.
Στίχ. γ’. Εἴπατε τῶ Θεῷ, Ὡς φοβερὰ τὰ ἔργα σου.
Στίχ. δʹ. Πᾶσα ἡ γῆ προσκυνησάτωσάν σοὶ καὶ ψαλάτωσάν σοί, ψαλάτωσαν δὴ τῶ ὀνόματι σου Ὕψιστε.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Segunda Antífona (mesmo Modo)
Vers. 1: Que Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, que faça brilhar sobre nós a sua face.
Vers. 2: Para que se conheça na terra o teu caminho e em todas as nações a tua salvação.
Vers. 3: Louvem-te, ó Deus os povos, louvem-te os povos todos!
Vers. 4: Que Deus nos abençoe e O temam todas as extremidades da terra!
Glória… Agora e sempre…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…
Στίχ. α´. Ὁ Θεὸς οἰκτειρῆσαι ἡμᾶς καὶ εὐλογῆσαι ἡμᾶς, ἐπιφάναι τὸ πρόσωπον αὐτοῦ ἐφ’ ἡμᾶς, καὶ ἐλεῆσαι ἡμᾶς.
Στίχ. β´. Ὡς ἐκλείπει καπνός, ἐκλιπέτωσαν, ὡς τήκεται κηρὸς ἀπὸ προσώτου πυρός.
Στίχ. γ´. Ἐξομολογησάσθωσάν σοὶ λαοί, ὁ Θεός, ἐξομολογησάσθωσάν σοὶ λαοὶ πάντες.
Στίχ. δʹ. Εὐλογῆσαι ἡμᾶς ὁ Θεός, καὶ φοβηθήτωσαν αὐτὸν πάντα τὰ πέρατα τῆς γῆς,
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Ὁ μονογενὴς Υἱὸς καὶ Λόγος τοῦ Θεοῦ…
Terceira Antífona (Modo Pl. 1º)
Vers. 1: Que Deus se levante e seus inimigos sejam vencidos, que seus adversários fujam diante de sua face.
Στίχ. α´. Ἀναστήτω ὁ Θεός, καὶ διασκορπισθήτωσαν οἱ ἐχθροὶ αὐτοῦ, καὶ φυγέτωσαν ἀπὸ προσώπου αὐτοῦ οἱ
µισοῦντες αὐτόν.
Apolitíkion (Modo Pl 1º)
Cristo ressuscitou dos mortos, venceu a morte pela morte; aos que estavam no túmulo, Cristo deu a vida!
Χριστὸς ἀνέστη ἐκ νεκρῶν, θανάτῳ θάνατον πατήσας, καὶ τοῖς ἐν τοῖς µνήµασι, ζωὴν χαρισάµενος.
E, repete-se a cada versículo da Antífona que segue:
Vers. 2: Tal como o fumo se dissipa, assim eles sejam dispersos, à semelhança da cera que se derrete diante do fogo.
Vers. 3: Pereçam os ímpios em face de Deus, rejubilem os justos em sua presença.
Vers. 4: Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos n’Ele!
Glória… Agora e sempre…
Cristo ressuscitou dos mortos …
Στίχ. β´. Ὡς ἐκλείπει καπνός, ἐκλιπέτωσαν· ὡς τήκεται κηρὸς ἀπὸ προσώπου πυρός.
Στίχ. γ´. Οὕτως ἀπολοῦνται οἱ ἁμαρτωλοὶ ἀπὸ προσώπου τοῦ Θεοῦ, καὶ οἱ δίκαιοι εὐφρανθήτωσαν.
Στίχ. δʹ. Αὐτὴ ἡ ἡμέρα, ἣν ἐποίησεν ὁ Κύριος, ἀγαλλιασώμεθα καὶ εὐφρανθῶμεν ἐν αὐτῇ,
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Χριστὸς ἀνέστη ἐκ νεκρῶν…
Isodikón (Modo 2º)
Bendizei Deus nas vossas assembleias, bendizei o Senhor, filhos de Israel!
Salva-nos, ó Filho de Deus, que ressuscitaste dentre os mortos…
Ἐν ἐκκλησίαις εὐλογεῖτε τὸν Θεόν, Κύριον ἐκ πηγῶν Ἰσραήλ.
Σῶσον ἡµᾶς Υἱὲ Θεοῦ, ὁ ἀναστὰς ἐκ νεκρῶν…
Apolitíkion (Modo Grave)
Do sepulcro selado ressurgiste, ó Vida; e as portas estando fechadas, entraste no meio dos discípulos, ó Cristo Deus, ressurreição de todos, me renovaste em nós, por seu intermédio, o espírito de retidão, segundo tua grande misericórdia.
Ἐσφραγισμένου τοῦ μνήματος ἡ ζωὴ ἐκ τάφου ἀνέτειλας Χριστὲ ὁ Θεός, καὶ τῶν θυρῶν κεκλεισμένων, τοῖς Μαθηταῖς ἐπέστης ἡ πάντων ἀνάστασις, πνεῦμα εὐθὲς δι’ αὐτῶν ἐγκαινίζων ἡμῖν, κατὰ τὸ μέγα σου ἔλεος.
Apolitíkion da Ressurreição (Modo 1º)
Embora a pedra fosse selada pelos judeus, e teu imaculado Corpo fosse guardado pelos soldados, ressuscitaste ao terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potências celestes exclamaram, ó Autor da vida: «Glória à tua ressurreição, ó Cristo! Glória à tua realeza, glória à tua providência, ó Filantropo!»
Του λίθου σφραγισθέντος υπό των Ιουδαίων, και στρατιωτών φυλασσόντων το άχραντον σου σώμα, ανέστης τριήμερος Σωτήρ, δωρούμενος τω κοσμώ την ζωήν. Δια τούτο αι δυνάμεις των ουρανών εβόων σοι ζωοδότα. Δόξα τη αναστάσει σου Χριστέ, δόξα τη βασιλεία σου, δόξα τη οικονομία σου, μόνε φιλάνθρωπε.
Kondákion da Páscoa (Modo Pl. 4º)
Tendo descido ao túmulo, ó Imortal, Tu destruíste o poderio do inferno e levantaste-te como Vencedor ó Cristo Deus, Tu que disseste às Miróforas: rejubilai! Aos apóstolos dás a paz, Tu que ressuscitas aqueles que sucumbiram.
Εἰ καὶ ἐν τάφῳ κατῆλθες ἀθάνατε, ἀλλὰ τοῦ ᾅδου καθεῖλες τὴν δύναμιν, καὶ ἀνέστης ὡς νικητής, Χριστὲ ὁ Θεός, γυναιξὶ μυροφόροις φθεγξάμενος, Χαίρετε, καὶ τοῖς σοῖς Ἀποστόλοις εἰρήνην δωρούμενος ὁ τοῖς πεσοῦσι παρέχων ἀνάστασιν
Kondákion do Apóstolo São Tomé
Ó Cristo Deus, Tomé pôs sua mão incrédula no teu vivificante lado, pois, quando entraste, estando as portas fechadas, ele aclamou com os outros discípulos: «És meu Senhor e meu Deus!»
Prokímenon (Modo 3º)
Refrão: Grande é o Senhor nosso Deus e poderosa a sua força.
Vers.: Louvai o Senhor, porque ele é bom!
Μέγας ὁ Κύριος ἡμῶν, καὶ μεγάλη ἡ ἰσχὺς αὐτοῦ.
Στίχ. Αἰνεῖτε τὸν Κύριον, ὅτι ἀγαθός.
Epístola (Apóstolos)
Leitura do Livro dos ATOS DOS APÓSTOLOS (5: 12-20)
elas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo…. Costumavam estar, todos juntos, de comum acordo, no pórtico de Salomão, e nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, embora o povo os engrandecesse. Mais e mais aderiam ao Senhor; pela fé, multidões de homens e de mulheres. … a ponto de levarem os doentes até para as ruas, colocando-os sobre leitos e em macas, para que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse algum deles. Também das cidades vizinhas de Jerusalém acorria a multidão, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros, os quais eram todos curados. Interveio então o Sumo Sacerdote com toda a sua gente, isto é, o partido dos saduceus. Tomados de inveja, lançaram as mãos sobre os apóstolos e os recolheram à prisão pública. O Anjo do Senhor, porém, durante a noite, abriu as portas do cárcere, e, depois de havê-los conduzido para fora, disse: “Ide e, apresentando-vos no Templo, anunciai com ousadia ao povo tudo o que se refere àquela Vida!” Tendo ouvido isto, entraram no Templo ao raiar do dia e começaram a ensinar.
Aleluia (Modo Pl.4º)
Vers. 1: Vinde!, regozijemo-nos no Senhor!
Vers. 2: Porque grande Deus é o Senhor.
Στίχ. αʹ. Δεῦτε ἀγαλλιασώμεθα τῷ Κυρίῳ.
Στίχ. βʹ. Ὅτι Θεὸς μέγας Κύριος.
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São JOÃO (20: 19-31).
aquele tempo, à tarde desse mesmo dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: “A paz esteja convosco!” Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Dizendo isso, soprou sobre eles” e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos”. Um dos Doze, Tomé, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os outros discípulos, então, lhe disseram: “Vimos o Senhor!” Mas ele lhes disse: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei”. Oito dias depois, achavam-se os discípulos, de novo, dentro de casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco!” Disse depois a Tomé: “Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” Respondeu-lhe Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!” Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome».
Hirmós (Modo 1º)
Em vez de «Verdadeiramente é digno e justo…» canta-se:
Nós te glorificamos com hinos, ó candelabro brilhante! Mãe de Deus e glória resplandecente, tu que és mais elevada que todas as criaturas.
Σὲ τὴν φαεινὴν λαμπάδα, καὶ Μητέρα Θεοῦ, τὴν ἀρίζηλον δόξαν καὶ ἀνωτέραν πάντων τῶν ποιημάτων ἐν ὕμνοις μεγαλύνομεν.
Kinonikón (Modo 1º)
Glorifica o Senhor, Jerusalém! Celebra o teu Deus, ó Sião. Aleluia, aleluia, aleluia!
Επαίνει, Ἱερουσαλήμ, τόν Κύριον, αἴνει τόν Θεόν σου, Σιών. Ἀλληλούϊα.
Logo após «Bendito seja o reino do Pai ..», o sacerdote canta: «Cristo ressuscitou dos mortos..» e o coro repete duas vezes. Em vez de: «Vimos a verdadeira luz …», «Cristo ressuscitou…» (1 x).
O Domingo após a Ressurreição
inda é o Domingo da Nova Páscoa. Os discípulos estão reunidos no Cenáculo e Jesus entra «estando às portas fechadas», trazendo-lhes a Paz [Jo 20,19]. As portas trancadas do Cenáculo ainda são sinais da ausência do Mestre e do medo que todos sentiam.
Os discípulos estão reunidos na sala, onde cearam com o Senhor, na ocasião em que ele ensinou o Mandamento Novo e lavou os seus pés. O ambiente no qual aconteceu a manifestação de humildade de Jesus, ao lavar os pés dos seus apóstolos, o lugar onde foi o palco do ensinamento mais profundo sobre o amor, torna-se também o recinto do encontro entre o Ressuscitado e seus seguidores mais próximos. Parece ser o espaço cedido às grandes manifestações do divino, aonde concretizou toda a missão do Filho do Homem de maneira sucinta. O cenáculo é o lugar da Oração, o lugar da Catequese por excelência; o Cenáculo é o ambiente do esvaziamento e da humildade, é o espaço da Celebração da Eucaristia, onde Ele se oferece e é oferecido. Mais do que isso, o Cenáculo tornou-se ambiente sagrado, pois Jesus apareceu Ressuscitado, enquanto os apóstolos rezavam.
Hoje, o novo Cenáculo é a Igreja, aonde o Senhor se dá na forma de pão e vinho, Corpo e Sangue d’Ele oferecidos, no Altar, isto é, na Pedra removida da Ressurreição. Outrora os seus seguidores se reuniam no Cenáculo por medo, agora se reúnem para manifestar a grande alegria da Nova Páscoa.
São Cipriano nos ensina que a Igreja é o ambiente sagrado onde a Celebração Eucarística revive a Ressurreição de Cristo no sacrifício incruento oferecido pelo sacerdote: «O sacrifício do sacerdote é a repetição do sacrifício de Cristo na Ceia e ambos são representação do sacrifício único da Cruz».
Jesus «entra», atravessando as barreiras externas (as portas) e internas (a dúvida) daquele ambiente. A razão e a fé têm provas daquilo que Maria de Magdala anunciava tão efusivamente: «Jesus Ressuscitou!» Jesus se apresenta com os sinais da Paixão; as marcas das perfurações em seu corpo, ainda são nítidas, talvez para sacar qualquer duvida sobre sua identidade: aquele que crucificaram, estava ali. Jesus transmite os dons pascais resumidos na paz, na reconciliação e na fé, aos que estavam reunidos em seu Nome. Jesus, ao transmitir seus dons aos homens, transforma estes homens em «homens novos», em «homens pascais»; é uma nova identidade, uma maneira peculiar de ser e de agir, movidos pelo espírito da Ressurreição. Mostra-lhes as mãos e o lado com os sinais da Paixão e diz: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20, 21). Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; a quem não os perdoardes, serão retidos” (Jo 20, 22-23). Jesus lhes dá o dom de perdoar os pecados, um dom que brota das chagas de suas mãos e de seus pés e, sobretudo, de seu lado perfurado, donde jorram os sacramentos da Igreja.
«A paz seja convosco!» Mais do que um cumprimento, esta saudação sintetiza a própria obra redentora do Ressuscitado. Por meio da Cruz, Ele anulou a inimizade e anunciou a paz aos que estavam longe e aos que estavam perto.
Os cristãos reunidos, no «Novo Cenáculo», a Igreja, no mesmo dia da Ressurreição de Cristo, isto é, no Domingo, celebram juntos os Mistérios da Morte e Ressurreição do Filho de Deus para, ante o Mistério da Ressurreição, transformarem-se em novas criaturas, em novo homem. A Igreja Bizantina celebra a Ressurreição do Senhor, única e exclusivamente aos Domingos pela manhã, exceto nas grandes Festas, para testemunhar a seus fiéis que Jesus Ressuscitado é o «Kyrios» (Senhor), o «Dominus» (Domingo).
Assim nos diz Eusébio de Cesaréia: «Nós, os filhos da Nova Aliança, celebramos a cada Domingo a nossa Páscoa e somos saciados, em todo o tempo, com o Corpo Ressuscitado do Salvador e participamos, em todo o tempo, de seu Sangue. Cada Domingo somos vivificados pelo corpo santificado do mesmo Cordeiro Pascal, que é a nossa Salvação e nossa alma é selada pelo seu precioso sangue».
Esta celebração se faz com a Comunidade de fiéis que, juntos confirmam sua fé em Deus e buscam n’Ele, através da Eucaristia, a vida Nova, força para vencer o pecado, símbolo da morte. Quando não conseguimos contemplar o Ressuscitado, fatalmente haverá a dúvida, a incerteza, os questionamentos oriundos de um coração alicerçado ainda nas raízes da “velha criação”. Foi o que aconteceu no Cenáculo, com aquele que era conhecido como o «Dídimo».
Tomé estando ausente não testemunhou a Nova Páscoa… A Igreja reunida viu o Senhor Ressuscitado no Cenáculo e comunicou a Tomé a grande notícia, mas não foi o suficiente para que ele acreditasse na voz da Igreja (Os apóstolos). Era necessário que seus olhos vissem e seus dedos tocassem as chagas.
Ainda hoje, como Tomé, muitos são os que ainda exigem as mesmas condições para crer e viver as verdades proclamadas pela Igreja. Nem mesmo o fundamental (a Ressurreição) está isento de dúvidas. Prefere-se mesclar esta verdade de fé com outras doutrinas e crenças que lhes parecem mais aceitáveis pela «razão», mais agradáveis aos sentidos. É uma necessidade infantil e ingênua acalentar uma esperança de se ter nova chance, uma nova oportunidade para se viver. Tais pensamentos geram confusão e aumenta a incredulidade. É preciso purificar o conteúdo de nossa fé cristã.
Novamente o Ressuscitado aparece, desta vez com Tomé presente, para que ele não tenha dúvidas que são de fato aquelas mãos que acolhia os pecadores e protegia as crianças, que abençoava os alimentos e retirava os espíritos impuros; são de fato os pés do Messias itinerante, do Ungido sem endereço fixo, do Missionário andarilho. Carne e ossos de uma humanidade aceita por amor, mas que estavam ali ressuscitados, elevando a dignidade humana aos patamares cobiçados até mesmo pelos anjos. O Senhor se apresenta no meio de todos, não dedicando a Tomé uma aparição exclusiva, ensinando-nos que, para aqueles de «pouca fé», a ajuda da comunidade reunida é essencial.
A dúvida, a insegurança, a incerteza e o medo nascem dos momentos onde a presença de Deus é encoberta. Basta descobri-la para nos tornarmos corajosos, desbravadores, seguros e convictos cristãos, como São Tomé, depois da aparição do Ressuscitado.
Todos nós que cremos e vivemos sob a ótica da Ressurreição de Cristo, recebemos uma nova criação, pois ela transforma nosso interior e nos faz pessoas diferentes. Assim aconteceu com Pedro, Madalena e Tomé. Antes da Ressurreição, Pedro negou Jesus por três vezes; depois, ele afirma que ama o Senhor e sofre as conseqüências deste amor: de temeroso homem, torna-se o «apascentador das ovelhas de Cristo», missionário, evangelizador e mártir. Madalena, anteriormente, amedrontada chorava a perda de seu Mestre; agora ela torna-se a Evangelizadora por excelência, a propagadora pioneira da Boa Nova. Tomé, da boca que proferia palavras de descrença e dúvidas, verbaliza a mais bela exclamação de reconhecimento perante o Jesus Ressuscitado: «meu Senhor e meu Deus».
Referências Bibliográficas:
- BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
- FONTE: ALTANER, B. / STUIBER, A: Patrologia. Vida Obras e Doutrina dos Padres da Igreja, II. São Paulo: Ed. Paulinas, 1988.
Na Semana de S. Tomé:
- Antífonas e Issodikón: da Páscoa;
Apolitíkion do santo , do padroeiro da Igreja e de São Tomé; - Kondakion do santo do dia, do padroeiro da igreja e de São Tomé
Hirmós: «Verdadeiramente é digno e justo …»; - Kinonikón: do dia da semana;
Depois da Comunhão: «Cristo ressuscitou dos mortos..»“. - Durante todo o Tempo Pascal, depois da Bênção final, diz-se: «Cristo ressuscitou dos mortos…» em vez de «Pelas orações…».