1º Domingo de São Mateus: «Comemoração de Todos os Santos» (1º Domingo depois de Pentecostes - Modo Pl. 4º)
Comemoração dos Ss. Ss. Judas Tadeu, apóstolo e irmão do Senhor (séc. I); Zenonos; Paísio do Egito, o Grande, asceta (séc. V); João Maximovitch, o Taumaturgo, arcebispo de Xangai e São Francisco (+1966); João da Palestina, o Eremita (séc. VI); Zózimo, o Soldado, mártir de Antioquia (séc. II); Todos os Santos do Monte Athos; Todos os Santos da Rússia.
No Orthros (Matinas):
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São MATEUS [28: 16-20].
aquele tempo, os onze discípulos caminharam para a Galileia, à montanha que Jesus lhes determinara. Ao vê-lo, prostraram-se diante dele. Alguns, porém, duvidaram. Jesus, aproximando-se deles, falou: «Todo poder foi me dado no céu e sobre a terra. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!»
Na Divina Liturgia:
Primeira Antífona (Modo 2º)
Vers. 1: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e todo o meu ser bendiga o seu santo nome.!
Vers. 2: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não esqueças nenhum de seus benefícios!
Vers. 3: O Senhor firmou no céu o seu trono e sua realeza governa o universo.
Glória… Agora e sempre….
Στίχ. α´. Εὐλόγει ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον, καὶ πάντα τὰ ἐντός μου τὸ ὄνομα τὸ ἅγιον αὐτοῦ.
Στίχ. β’. Εὐλόγει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον, καὶ μὴ ἐπιλανθάνου πάσας τὰς ἀνταποδόσεις αὐτοῦ.
Στίχ. γ’. Κύριος ἐν τῷ οὐρανῷ ἡτοίμασε τὸν θρόνον αὐτοῦ, καὶ ἡ βασιλεία αὐτοῦ πάντων δεσπόζει.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Segunda Antífona
Vers. 1: Louva, ó minha alma, o Senhor! Louvarei o Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores a meu Deus enquanto eu existir.
Vers. 2: Bem-aventurado o que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus.
Vers. 3: O Senhor reinará eternamente; ele é teu Deus, ó Sião, de geração em geração!
Glória… Agora e sempre…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…
Στίχ. α´. Αἴνει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον αἰνέσω Κύριον ἐν τῇ ζωῇ μου ψαλῶ τῷ Θεῷ μου ἕως ὑπάρχω.
Στίχ. β´. Μακάριος, οὗ ὁ Θεὸς Ἰακὼβ βοηθὸς αὐτοῦ, ἡ ἐλπὶς αὐτοῦ ἐπὶ Κύριον τὸν Θεὸν αὐτοῦ.
Στίχ. γ´. Βασιλεύσει Κύριος εἰς τὸν αἰῶνα, ὁ Θεός σου, Σιών, εἰς γενεὰν καὶ γενεάν.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Ὁ μονογενὴς Υἱὸς καὶ Λόγος τοῦ Θεοῦ…
Terceira Antífona
Vers. 1: Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos n’Ele!
Στίχ. Αὕτη ἡ ἡμέρα Κυρίου, ἀγαλλιασώμεθα καὶ εὐφρανθῶμεν ἐν αὐτῇ.
Apolitíkion da Ressurreição (Modo Pl. 4º)
Desceste das alturas, ó Misericordioso, e suportaste o sepulcro por três dias para nos libertar dos sofrimentos. Senhor, nossa vida e ressurreição, glória a Ti!
Ἐξ ὕψους κατῆλθες ὁ εὔσπλαγχνος, ταφὴν καταδέξω τριήμερον, ἵνα ἡμᾶς ἐλευθερώσῃς τῶν παθῶν· ἡ ζωὴ καὶ ἡ ἀνάστασις ἡμῶν, Κύριε δόξα σοι.
Apolitíkion de Todos os Santos (Modo 4º)
Revestida, como de púrpura e de linho fino, do sangue de todos aqueles que, no mundo inteiro, foram tuas testemunhas, tua Igreja por eles te clama, ó Cristo Deus: «mostra ao teu povo a tua compaixão; concede a paz à nossa pátria e a grande misericórdia às nossas almas».
Τῶν ἐν ὅλῳ τῷ κόσμῳ Μαρτύρων σου, ὡς πορφύραν καὶ βύσσον τὰ αἵματα, ἡ Ἐκκλησία σου στολισαμένη, δι’ αὐτῶν βοᾷ σοι, Χριστὲ ὁ Θεός, τῷ λαῷ σου τοὺς οἰκτιρμούς σου κατάπεμψον, εἰρήνην τῇ πολιτείᾳ σου δώρησαι, καὶ ταῖς ψυχαῖς ἡμῶν τὸ μέγα ἔλεος.
Kondákion de Todos os Santos
Apóstolos, Mártires, Profetas, Ascetas e Justos, e vós, Santas Mulheres, que combatestes todos vós o bom combate e guardaste a fé, vós que usufruís da amizade do Senhor, intercedei a Ele que, em sua bondade, salve as nossas almas!
Kondákion de Todos os Santos Mártires
Senhor, Autor da Criação, o universo te oferece os Mártires revestidos de Deus como primícias da natureza. Pelas suas súplicas e em consideração à Mãe de Deus, guarda a tua Igreja sempre em paz, ó Bondoso!
Ὡς ἀπαρχὰς τῆς φύσεως, τῷ φυτουργῷ τῆς κτίσεως, ἡ οἰκουμένη προσφέρει σοι Κύριε, τοὺς θεοφόρους Μάρτυρας, ταῖς αὐτῶν ἱκεσίαις, ἐν εἰρήνῃ βαθείᾳ, τὴν Ἐκκλησίαν σου, διὰ τῆς Θεοτόκου συντήρησον, πολυέλεε.
Prokímenon (Modo 4º)
Refrão: Deus é admirável nos seus santos.
Vers.: Bendizei a Deus nas vossas assembleias!
Θαυμαστὸς ὁ Θεὸς ἐν τοῖς Ἁγίοις αὐτοῦ.
Στίχ. Ἐν Ἐκκλησίαις εὐλογεῖτε τὸν Θεόν.
Epístola (Apóstolos)
Epístola do Apóstolo São Paulo aos HEBREUS (11: 33-12: 2).
rmãos, (e que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas (Hb 11:32) pela fé, conquistaram reinos, exerceram a justiça, viram se realizar as promessas, amordaçaram a boca de leões, extinguiram o poder do fogo, escaparam do fio da espada, recobraram saúde na doença, mostraram-se valentes na guerra, repeliram os exércitos estrangeiros. Algumas mulheres reencontraram seus mortos pela ressurreição. Outros foram torturados, recusaram o resgate para chegar a uma ressurreição melhor. Outros ainda sofreram a provação dos escárnios, experimentaram o açoite, as correntes e as prisões. Foram lapidados, foram serrados e morreram assassinados com golpes de espada. Levaram vida errante, vestidos com peles de carneiro ou pelos de cabras; oprimidos e maltratados, sofreram privações. Eles, de quem o mundo não era digno, vagavam pelos desertos e pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra. E, não obstante, todos eles, se bem que pela fé tenham recebido um bom testemunho, apesar disso não se beneficiaram da realização da promessa. Pois Deus previa para nós algo de melhor, para que sem nós não chegassem à plena realização. Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador e consumador da fé, Jesus, que, em vez da alegria que lhe foi proposta, sofreu a cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita do trono de Deus.
Aleluia ( Do Salmo 33- Modo 4º)
Vers. 1: Os justos clamaram e o Senhor os ouviu e os salvou de todas as tribulações.
Vers. 2: Muitas são as tribulações dos justos, e de todas os livrará o Senhor.
Στίχ. Αʹ. Ἐκέκραξαν οἱ δίκαιοι, καὶ ὁ Κύριος εἰσήκουσεν αὐτῶν, καὶ ἐκ πασῶν τῶν θλίψεων αὐτῶν ἐῤῥύσατο αὐτούς.
Στίχ. βʹ. Πολλαὶ αἱ θλίψεις τῶν δικαίων, καὶ ἐκ πασῶν αὐτῶν ῥύσεται αὐτοὺς ὁ Κύριος.
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São MATEUS (10: 32-33; 37-38; 19: 27-30).
aquele tempo, disse Jesus: «Todo aquele, portanto, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, também o renegarei diante de meu Pai que está nos céus. Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. Aquele que não toma sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que acha a sua vida, a perderá, mas quem perde sua vida por causa de mim, a achará. Pedro, tomando então a palavra, disse: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. Que receberemos?” Disse-lhe Jesus: “Em verdade eu vos digo, a vós que me seguistes: quando as coisas forem renovadas e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, vos assentareis, vós também, em doze tronos para julgar” as doze tribos de Israel. E quem quer que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou terras por causa do meu nome, receberá muito mais; e terá em herança a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos, primeiros».
Kinonikón (Modo Pl. 4º)
Exultai, ó justos, no Senhor; aos retos convém o louvor. Aleluia!
᾽Αγαλλιᾶσθε δίκαιοι ἐν Κυρίῳ, τοῖς εὐθέσι πρέπει αἴνεσις. Ἀλληλούϊα.
«Agios o Theós, Agios Ischiros, Agios Athanatos...»
s escritores sagrados, já no Gênesis referiam-se a Deus como o «Santo», palavra que tinha a conotação de «Sagrado». Deus é o «Outro», tão transcendente e tão longínquo que o homem não poderia ter acesso; somente referir-se a Ele com tremor e temor.(Gn 15,12).
O Povo Israelita por ter um Deus que era conhecido como o «Outro», isto é, separado (por ser tão especial e incognoscível), arvorava-se o direito de se identificar como «raça eleita», «povo escolhido», «nação santa», diferente de todos os outros na sua maneira de ser, agir e comportar, cultuando sua Divindade… e tudo isto era muito explicito em seus rituais religiosos, condutas sociais e na vida cotidiana em geral. A religião estava tão impregnada nas suas práticas que, o pertencer à raça eleita deveria ser mesmo ostentado. Não demorou muito para se cair em extremos absurdos onde a santidade cedeu lugar à hipocrisia, ao «farisaísmo».
Jesus condenou tais comportamentos e o apóstolo Pedro ressaltou muitas vezes que o imprescindível é a «pureza de coração», capaz de fazer de nós participantes da vida de Deus (1Pd 1,14-16). As leis são importantes na medida que conduzem o homem à maturidade e liberdade dos Filhos de Deus. Se são nefastas a vida humana, não podem ser boas.
Assim, cremos que a santidade nos é comunicada por Deus e isto se realiza na pessoa do Filho, Jesus Cristo, de maneira plena, assim como em todos aqueles que viveram e vivem de acordo com os seus santos preceitos. Somos todos vocacionados à santidade, chamados a «ser santos como o Pai é Santo».
Jesus Cristo, o «Senhor», por meio dos sacramentos, transmite a toda Igreja a sua santidade. Os sacramentos são os instrumentos da santidade e da salvação, que trazem ao homem a vida de Deus (cf Mt 13,24-30;). Esta certeza era tão viva nos primeiros séculos da Igreja que não hesitavam em chamar a si mesmos «santos» (2Cor 11,12;), e à Igreja a «Comunhão dos Santos».
Esta expressão, que encontramos no Credo, tem sua manifestação na «Divina Liturgia da Igreja Ortodoxa (São João Crisóstomo) na Liturgia Eucarística onde «os santos» são convidados a participarem das «coisas santas».
«As coisas Santas aos Santos!»
E, professando a unidade e santidade de Deus na pessoa do Filho, Jesus Cristo, o Senhor, respondemos:
«Um só é Santo, Um só é Senhor, Jesus Cristo, na Glória de Deus Pai. Amém.
A santidade manifesta-se, pois, como uma participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja nos dispõe, especialmente através do sacramento da Eucaristia, onde o Santo nos dá a sua Santidade por amor, e nós nos tornamos santos por filiação.
A santidade não é o fruto do esforço humano, portanto, que procura alcançar a Deus com suas próprias forças, e mesmo por heroísmo; ela é Dom do amor de Deus ao homem e resposta deste à misericordiosa e paternal iniciativa divina. Tanto é que, o modo como estão organizadas as festas no Calendário Litúrgico Bizantino, onde a Festa de todos os Santos é celebrada no domingo depois de Pentecostes, ou seja, a Descida do Espírito Santo, quer significar que toda a santidade é obra do Espírito Santíssimo de Deus. A festa de Todos os Santos encerra o Tempo Litúrgico Pascal no calendário da Igreja do Oriente.
«Tudo o que está encoberto será descoberto»
«Sermão para o Domingo de todos os Santos»
Do alto do céu, Deus oferece a todos os homens as riquezas da sua graça. Ele próprio é a fonte da salvação e da luz de onde emana eternamente a misericórdia e a bondade. Mas nem todos os homens tiram proveito da sua força e da sua graça pelo exercício perfeito da virtude e a realização das suas maravilhas; só o fazem aqueles que puseram as suas realizações em prática e que provaram por atos o seu apego a Deus, aqueles que se afastaram completamente do mal, que aderem firmemente aos mandamentos de Deus e que fixam o seu olhar espiritual em Cristo, Sol de justiça (Mal 3,20).
Do alto do céu, Cristo oferece aos que combatem o socorro do seu braço, e exorta-os com estas palavras do Evangelho: “Quem se declarar por mim diante dos homens, eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus”. Enquanto servidor de Deus, cada um de entre os santos se declara por Cristo nesta vida passageira e diante dos homens mortais; fazem-no por um curto espaço de tempo e na presença de um pequeno número de homens. Enquanto que nosso Senhor Jesus Cristo… se declara por nós no mundo da eternidade, diante de Deus seu Pai, rodeado dos anjos e dos arcanjos e de todas as forças do céu, na presença de todos os homens, depois de Adão até ao fim dos séculos. Porque todos ressuscitarão e serão julgados no tribunal de Cristo. Então, na presença de todos e à vista de todos, ele fará conhecer, glorificará e coroará aqueles que lhe provaram a sua fé até ao fim.
São Gregório Palamás (1296-1359),
«Sermão para o Domingo de todos os Santos»
Referências Bibliográficas:
- BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
- DONADEO, Madre Maria. «O Ano Litúrgico Bizantino». São Paulo: Ed. Ave-Maria.