(24º depois de Pentecostes - Modo Grave)
Memória dos Santos Gorias (esl.: Gurij), Samonas e Habib, mártires (início do séc. IV).
Matinas (Orthros)
Evangelho:
Santo Evangelho segundo o Evangelista São Marcos [MC 16: 1-8].
aquele tempo, passado o sábado, Maria de Magdala e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ir ungir o corpo. De madrugada, no primeiro dia da semana, elas foram ao túmulo ao nascer do sol. E diziam entre si: “Quem rolará a pedra da entrada do túmulo para nós?” E, erguendo os olhos, viram que a pedra já fora removida. Ora, a pedra era muito grande. Tendo entrado no túmulo, elas viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram cheias de espanto. Ele, porém, lhes disse: “Não vos espanteis! Procurais Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o puseram. Mas ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis, como vos tinha dito.” Elas saíram e fugiram do túmulo, pois um temor e um estupor se apossaram delas. E nada contaram a ninguém, pois tinham medo…
Divina Liturgia
Apolitíkion da Ressurreição
Pela tua cruz, destruíste a morte | abriste as portas do paraíso ao ladrão | converteste em alegria o pranto das Miróforas | e lhes disseste que aos apóstolos anunciassem | que ressuscitaste dos mortos, ó Cristo Deus | revelando ao mundo a grande misericórdia.
Hino à Mãe de Deus
Ó Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira do Criador | não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores | mas apressa-te em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és | pois te invocamos com fé: roga por nós junto de Deus | tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Prokímenon
O Senhor dará poder a seu povo, o Senhor abençoará seu povo com a paz.
Oferecei ao Senhor, ó filhos de Deus, oferecei ao Senhor tenros cordeiros.
Epístola (Apóstolos)
Epístola do Apóstolo São Paulo aos Efésios [EF 2: 14-22].
rmãos, ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só; tendo derrubado o muro da separação e suprimido em sua carne a inimizade – a lei dos mandamentos que expressa em preceitos -, a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz, e de reconciliar a ambos com Deus em um só Corpo, por meio da cruz, na qual ele matou a inimizade. Assim, ele veio e anunciou paz a vós que estáveis longe e paz aos que estavam perto, pois, por meio dele, nós, judeus e gentios, num só espírito, temos acesso ao Pai. Portanto, já não sois estrangeiros nem adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus. Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, do qual é Cristo Jesus a pedra angular. Nele, bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo, no Senhor, e vós também, nele sois coedificados para serdes habitação de Deus no Espírito.
Aleluia
Vers. 1: É bom exaltar o Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo (Sl 92, 1).
Vers. 2: Proclamar pela manhã o teu amor, e a tua fidelidade pela noite (Sl 91, 2).
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São Lucas [LC 12: 16-21].
aquele tempo, o Senhor contou-lhes uma parábola: «A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘Que vou fazer? Nao tenho onde guardar minha colheita’. Entao resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, goza a vida!’ Mas Deus lhe disse: ‘Tolo! Ainda nesta noite, tua vida te será retirada. E para quem ficará oque acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não se torna rico diante de Deus.»
Kinonikón
Louvai o Senhor nos céus | louvai-O nas alturas! Aleluia, aleluia, aleluia!
Subsídios Homiléticos

eparamo-nos, neste domingo, com um relato familiar. Não é raro ouvirmos de pessoas comentários semelhantes aos que foram proferidos pelo personagem da Parábola que Jesus usou para mais uma vez transmitir seus ensinamentos. A riqueza não é seguro de vida e muito menos demonstra se estamos cumprindo a vontade de Deus ou não. Para os cristãos nem sempre a riqueza é sinal de benção divina; é, muitas vezes, causa de perdição.
Jesus inicia sua parábola contando que certo homem teria uma ótima colheita, mas que não teria celeiros suficientes para armazená-la, já que os que possuía já estavam abarrotados. Pensou então em construir celeiros maiores e estocar suas riquezas para depois desfrutá-la, comendo e bebendo. Seu erro está focado em um horizonte terreno. A ele o que importa é o ter; é o comer e o beber; é sugar da vida todos os prazeres que lhe são oferecidos. Trabalhou durante anos, acumulando bastante para depois desfrutar. Diante desta maneira de pensar a vida, o próprio Deus responde: “Insensato”! Não somos donos da vida. A nós não coube estabelecer seu inicio e nem cabe a nós estabelecer seu fim. A morte faz parte da vida; ela é inerente à realidade; nem dela pode fugir ou adiar seu curso. A morte revela o quanto a vida tem uma dimensão finita, mensurável pelo tempo e limitada pelo espaço.
O cristão deve olhar a vida como dom de Deus e não como propriedade sua. Se é dom de Deus, a Ele devemos prestar contas. A nossa preocupação não deveria ser como o do rico da parábola: acumular tesouros para o mundo. Esses tesouros são bens temporais e devem ser vistos e aceitos como tais, isto é, contingentes, efêmeros, transitórios, passageiros. O que de fato são perenes e duradouros são os tesouros que “nem a traça nem a ferrugem corroem”.
O fato de possuirmos “bens materiais” não é condenável. Torna-se prejudicial, porém, quando nos deixamos possuir por eles. O avarento, o cobiçoso não possui, mas é possuído por seus bens e desejos. O apego é colidente com a caridade, com a doação e com a entrega.
É necessário que nossa relação com os bens deste mundo não se tornem obstáculos à relação filial que temos com nosso Deus e que eles sejam apenas e somente meios para melhor promover a dignidade humana e, jamais, fim em si mesmos.
Nosso tesouro é Deus e, embora carreguemos este tesouro em vasos de argila, como revela-nos o Apóstolo Paulo, é preciso que haja plena confiança n’Ele e em sua Providência. Esta confiança é uma condição para que resistamos aos apelos consumistas e ao apego material em geral de nosso tempo e de nossa sociedade. A base da confiança do homem está na certeza da fidelidade de Deus.
Facilmente os homens denominam de “ricos” os que possuem bens, os que têm posses e por terem tanto são tratados de maneira singular, especial, muitas vezes em detrimento dos demais. Para Deus rico é aquele que, com o que é seu, ajuda aos que pouco ou nada têm. “Quem se compadece do próximo, empresta a Deus” (Pr 19,17).
Ricos ou pobres, afortunados ou não, todos nós nos depararemos com a realidade da morte. Não levaremos nada de material. Oxalá, não sejamos nós a ouvir que fomos “insensatos”, quando deveríamos ser prudentes ao acumularmos tesouros que aprouve ao Criador nos confiar.
Referências Bibliográficas:
BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
KONINGS, Johan. Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia. São Paulo: Ed. Loyola. 1997