Comemoração dos Santos Padres do 7° Concílio Ecumênico (17º depois de Pentecostes - Modo Pl. 4º)
Comemoração do Santo Profeta Oséias (séc. VIII a.C).
(No dia 11, se for domingo, ou no domingo que segue, comemora-se os 350 Padres do 7° Concílio Ecumênico (2° de Nicéia) que no ano 787 condenou a heresia do iconoclasmo.)
No Orthros (Matinas):
Evangelho (Eoth. 6)
Santo Evangelho segundo o Evangelista São LUCAS [24: 36-53].
aquele tempo, Jesus se apresentou no meio deles e disse: «A paz esteja convosco!» Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espírito. Mas ele disse: «Por que estais perturbados e por que surgem tais dúvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho». Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como, por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos, disse-lhes: «Tendes o que comer?» Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o, então, e comeu-o diante deles. Depois disse-lhes: «São estas as palavras que eu vos falei, quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas, nos Salmos». Então abriu-lhes a mente para que entendessem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que, em seu Nome, fosse proclamado o arrependimento para a remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eis que eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até serdes revestidos da força do Alto». Depois, levou-os até Betânia e, erguendo as mãos abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles ficaram prostrados diante dele; e depois voltaram a Jerusalém com grande alegria, e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus.
Na Divina Liturgia:
Primeira Antífona
Vers. 1: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e todo o meu ser bendiga o seu santo nome.!
Vers. 2: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não esqueças nenhum de seus benefícios!
Vers. 3: O Senhor firmou no céu o seu trono e sua realeza governa o universo.
Glória… Agora e sempre….
Segunda Antífona
Vers. 1: Louva, ó minha alma, o Senhor! Louvarei o Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores a meu Deus enquanto eu existir.
Vers. 2: Bem-aventurado o que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus.
Vers. 3: O Senhor reinará eternamente; ele é teu Deus, ó Sião, de geração em geração!
Glória… Agora e sempre…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…
Terceira Antífona
Vers. 1: Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos n’Ele!
Na Divina Liturgia:
Apolitíkion da Ressurreição
Desceste das alturas, ó Misericordioso | e suportaste a sepultura por três dias | para nos libertar dos sofrimentos. | Senhor, nossa vida e ressurreição, glória a ti!
ΑΠΟΛΥΤΙΚΙΟΝ
Εξ ύψους κατήλθες ο εύσπλαγχνος, ταφήν κατεδέξω τριήμερον, ίνα ημάς ελευθέρωσης των παθών. Η ζωή και η ανάστασις ημών, Κύριε δόξα σοι.
Apolitíkion da Festa
Tu és digno de toda a glória, ó Cristo nosso Deus | porque constituíste nossos Padres como astros sobre a terra | e por eles nos guiaste à verdadeira fé. | Ó compassivo, glória a Ti.
Kondákion da Festa
A pregação dos Apóstolos e os ensinamentos dos Padres | firmaram uma só fé na Igreja | que, revestida do manto da verdade | tecido com a ciência teológica revelada | distribui sabiamente e glorifica o grande Mistério da piedade.
Kondákion (Modo 2º)
Ó Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira do Criador | não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores | mas apressa-te em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és | pois te invocamos com fé: roga por nós junto de Deus | tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Κοντάκιον Ἦχος β’
Προστασία τῶν Χριστιανῶν ἀκαταίσχυντε, μεσιτεία πρὸς τὸν Ποιητὴν ἀμετάθετε, μὴ παρίδῃς ἁμαρτωλῶν δεήσεων φωνάς, ἀλλὰ πρόφθασον, ὡς ἀγαθή, εἰς τὴν βοήθειαν ἡμῶν, τῶν πιστῶς κραυγαζόντων σοι. Τάχυνον εἰς πρεσβείαν, καὶ σπεῦσον εἰς ἱκεσίαν, ἡ προστατεύουσα ἀεί, Θεοτόκε, τῶν τιμώντων σε.
Prokímenon
Refrão: Tu és bendito, ó Senhor, Deus de nossos Pais.
Vers.: Porque és justo em tudo o que nos fizeste.
Epístola (Apóstolos)
Epístola do Apóstolo São Paulo a Tito [3: 8-15].
rmãos, esta é mensagem fiel. Desejo, pois, que insistas nestes pontos, de sorte que aqueles que creem em Deus sejam solícitos na prática das belas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens. Evita controvérsias insensatas, genealogias, dissensões e debates sobre a Lei, porque para nada adiantam, e são fúteis. Depois da primeira e segunda admoestação, nada mais tens a fazer com um homem faccioso, pois é sabido que o homem assim se perverteu e se entregou ao pecado, condenando-se a si mesmo. Mandarei ao teu encontro Artemas ou Tíquico. Quando tiver chegado aí, faze o possível para vir ter comigo em Nicópolis, onde resolvi passar o inverno. Esforça-te por ajudar Zenas, o jurista, e Apolo, de modo que nada lhes falte. Todos os da nossa gente precisam aprender a praticar belas obras, de sorte que se tornem aptos a atender às necessidades urgentes e, assim, não fiquem infrutíferos. Todos os que estão comigo te saúdam. Saúda a todos os que nos amam na fé. A graça esteja com todos vós!
Aleluia (Modo 1º)
Vers. 1: Ó Deus, nós ouvimos com nossos ouvidos, nossos Pais nos contaram a obra que realizaste em seus dias.
Vers. 2: Tu nos salvaste de nossos opressores e confundiste aqueles que nos odiavam.
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São LUCAS [8: 5-15].
aquele tempo, reunindo-se numerosa multidão que de cada cidade vinha até Jesus, falou-lhes então em parábola: «O semeador saiu a semear sua semente. Ao semeá-la, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, foi pisada e as aves do céu a comeram. Outra parte caiu sobre a pedra e, tendo germinado, secou por falta de umidade. Outra caiu no meio dos espinhos, e os espinhos, nascendo com ela, abafaram-na. Outra parte, finalmente, caiu em terra fértil, germinou e deu fruto ao cêntuplo». E, dizendo isso, exclamava: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!» Seus discípulos perguntavam-lhe o que significaria tal parábola. Ele respondeu: «A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; aos outros, porém, em parábolas, a fim de que vejam sem ver e ouçam sem entender. Eis, pois, o que significa essa parábola: A semente é a Palavra de Deus. Os que estão ao longo do caminho são os que ouvem, mas depois vem o diabo e arrebata-lhes a Palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolhem a Palavra com alegria, mas não têm raízes, pois creem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. Aquilo que caiu nos espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam à maturidade. O que está em terra boa são os que, tendo ouvido a Palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança».
Kinonikón (Modo 4º)
Louvai o Senhor nos céus | louvai-O nas alturas! Aleluia, aleluia, aleluia!
O VII Concílio Ecumênico
Sétimo Concílio Ecumênico foi convocado em 787 d.C., na cidade de Niceia, sob a imperatriz Irene, viúva do imperador Leão IV, e era composto por 367 pessoas.
O Concílio foi convocado contra a heresia iconoclasta, que durou sessenta anos antes do Concílio, pelo imperador grego Leão III, que, desejando converter os maometanos ao cristianismo, considerou necessário acabar com a veneração dos ícones. Essa heresia continuou sob seu filho Constantino V Coprônimo e seu neto, Leão IV.
O Concílio condenou e repudiou a heresia iconoclástica e determinou prover e colocar nas igrejas sagradas, junto com a semelhança da honrada e vivificante Cruz do Senhor, santos ícones, para honrar e prestar homenagem a eles, elevando a alma e coração ao Senhor Deus, a Mãe de Deus e os Santos, que são representados nestes ícones. Depois do Sétimo Concílio Ecumênico, a perseguição aos ícones sagrados surgiu novamente sob os imperadores Leão V, de origem armênia, Miguel II e Teófilo, e por vinte e cinco anos perturbou a Igreja.
A veneração dos ícones sagrados foi finalmente restaurada e confirmada pelo sínodo local de Constantinopla em 843 d.C., sob a imperatriz Teodora.
Neste concílio, em agradecimento ao Senhor Deus por ter dado à Igreja a vitória sobre os iconoclastas e todos os hereges, a celebração do Triunfo da Ortodoxia foi estabelecida no primeiro domingo da Grande Quaresma, que é celebrada pelas Igrejas Orientais em todo o mundo.
Os primeiros sete Concílios Ecumênicos no Oriente Bizantino
importância dos primeiros sete concílios ecumênicos no Oriente Bizantino é tal que, por três vezes no ano, sempre em dia de Domingo, se celebram os Padres que fizeram ecoar no meio da Igreja a divina harmonia, proclamando as verdades da fé apostólica.
A Festa dos 350 Padres conciliares se reveste com a coroa da vitória sobre os iconoclastas que proibiram manifestações públicas da fé através dos ícones. Graças aos santos padres conciliares podemos nos aproximar dos ícones de Nosso Senhor e da Theotokos, venerando-os através deles, o Deus Uno e Trino que se fez carne e nos trouxe a salvação.
Sobre o Evangelho desta festa é nos apresentada uma rica história, iniciando assim o cortejo literário chamado parábolas. As parábolas pertencem ao gênero didático da Bíblia cuja intenção e finalidade é ensinar uma verdade religiosa. Próprias e exclusivas de Jesus de Nazaré, significam algo novo na literatura judaica, sem paralelos nos escritos anteriores ou posteriores à sua vinda. Elas são comparações ou imagens destinadas a ilustrar ou transmitir uma idéia, usando de alegorias para desvendar uma realidade premente. O propósito é induzir o ouvinte a admitir uma situação que ele a princípio não percebe como aplicável a si mesmo, mas que, após uma reflexão ou uma explicação mais minuciosa parece se encaixar com muita precisão.
Nos Evangelhos, encontramos dezenas de parábolas narradas pelo Senhor, cada uma relatando uma situação específica, donde se tira várias lições, usando-se de exemplos concretos do dia-a-dia das pessoas comuns.
Na Galiléia, havia muitos terrenos acidentados e cheios de colinas cuja área de plantio era muito restrita devido às suas irregularidades. O Senhor valendo-se deste contexto, desta imagem, compõe aos poucos uma narrativa que é muito familiar a todos, para evidenciar o poder e a eficácia da palavra de Deus.
«Como a chuva e a neve descem do céu e não voltam para ele sem ter regado ou fecundado a terra, assim sucede com a palavra que sai da boca do Senhor» Is 55,10.
A eficácia da palavra divina é observada desde a Criação do mundo pelo “FAÇA-SE” pelo qual o Criador ordenava vir a existência todas as coisas, e imediatamente do NADA germinava a vida.
O Antigo Testamento é rico em exemplos em que Deus se dirige aos homens através da palavra. Por fim, chegada à plenitude dos tempos, Deus não enviou mais simples palavras aos homens, mas sua PALAVRA eterna, seu VERBO. O Verbo assumiu a natureza humana, fez-se carne e veio semear no coração dos homens palavras de vida eterna, sendo este o tema do Evangelho que Lucas nos apresenta hoje.
Entretanto, diz a parábola, a mesma semente produz, num terreno, frutos abundantes; e em outros, nada produz. Eis aí o significado do mistério da liberdade humana ante os dons de Deus.
Em toda parte Jesus semeia a Palavra: nem ao homem de coração mais endurecido Ele a nega, nem aos soberbos, às prostitutas, aos hipócritas a quem o Senhor comparava aos terrenos pedregosos e cheio de espinhos. O SENHOR a todos generosamente oferece a Boa Nova. Assim como o semeador não faz distinção na terra que lavra, semeando por toda parte, também nós não podemos fazer discriminação, entre o rico e o pobre, o douto e o ignorante, o fervoroso e o preguiçoso, o corajoso e o covarde, o pecador e o santo.
São João Crisóstomo nos diz que «se ao ouvir a Palavra os corações permanecerem ainda endurecidos a culpa não é da Palavra, mas de quem não quis mudar de vida».
Por isso a indiferença não deve desanimar o semeador; deve ele ser sempre persistente. A persistência e a confiança devem caracterizar o apostolado cristão, pois nem sempre a receptividade da mensagem anunciada é vista e sentida. A confiante ação do semeador que espalha, com mãos cheias a semente, interpela o ouvinte para que entendamos que as dificuldades não podem barrar o andamento de um projeto divino.
Esta parábola é tão rica que o próprio Senhor se debruça em explicá-la aos ouvintes após a sua narração. Tecer qualquer outra interpretação seria redundância. De qualquer maneira esta parábola encontra sua contemporaneidade em cada cristão.
«Que vossas palavras Senhor, lancem raízes profundas em nossas vidas, transformando-nos em árvores frutíferas dos dons divinos» (São João Crisóstomo).
Ref. Bibliográfica:
- BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.