11º Domingo do Evangelho de São Mateus (11º depois de Pentecostes - Modo 2°)
Comemoração dos Ss. Moisés Etíope, anacoreta (séc. IV); Diomedes e Lourenço, mártires; 33 Mártires de Nicomédia; Job de Pochaev; Sinaxe dos Padres das grutas de Kiev.
No Orthros (Matinas):
Evangelho (Eoth. 11)
Santo Evangelho segundo o Evangelista São JOÃO [21: 15-25].
aquele tempo, depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?» Ele lhe respondeu: — «Sim, Senhor, tu sabes que te amo». Jesus lhe disse: «Apascenta meus cordeiros». Segunda vez disse-lhe: «Simão, filho de João, tu me amas?» — «Sim, Senhor», disse ele, «tu sabes que te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta minhas ovelhas». Pela terceira vez lhe disse: «Simão, filho de João, tu me amas?» Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara: «Tu me amas?» e lhe disse: —«Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo», e Jesus lhe disse: «Apascenta minhas ovelhas! Em verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem, tu te cingias e andavas por onde querias; quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te conduzirá aonde não queres». Disse isso para indicar com que espécie de morte Pedro daria glória a Deus. Tendo falado assim, disse-lhe: «Segue-me». Pedro, voltando-se, viu que o seguia o discípulo que Jesus amava, aquele que, na Ceia, se reclinara sobre seu peito e perguntara: «Senhor, quem é que te vai entregar?» Pedro, vendo-o, disse a Jesus: «Senhor, e ele?» Jesus lhe disse: «Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me». Divulgou-se, então, entre os irmãos, a notícia de que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse que ele não morreria, mas: «Se quero que ele permaneça até que eu venha». Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez. Se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam.
Na Divina Liturgia:
Primeira Antífona (Modo 2º)
Vers. 1: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e todo o meu ser bendiga o seu santo nome.!
Vers. 2: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não esqueças nenhum de seus benefícios!
Vers. 3: O Senhor firmou no céu o seu trono e sua realeza governa o universo.
Glória… Agora e sempre….
Στίχ. α´. Εὐλόγει ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον, καὶ πάντα τὰ ἐντός μου τὸ ὄνομα τὸ ἅγιον αὐτοῦ.
Στίχ. β’. Εὐλόγει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον, καὶ μὴ ἐπιλανθάνου πάσας τὰς ἀνταποδόσεις αὐτοῦ.
Στίχ. γ’. Κύριος ἐν τῷ οὐρανῷ ἡτοίμασε τὸν θρόνον αὐτοῦ, καὶ ἡ βασιλεία αὐτοῦ πάντων δεσπόζει.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Segunda Antífona (mesmo modo)
Vers. 1: Louva, ó minha alma, o Senhor! Louvarei o Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores a meu Deus enquanto eu existir.
Vers. 2: Bem-aventurado o que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus.
Vers. 3: O Senhor reinará eternamente; ele é teu Deus, ó Sião, de geração em geração!
Glória… Agora e sempre…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…
Στίχ. α´. Αἴνει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον αἰνέσω Κύριον ἐν τῇ ζωῇ μου ψαλῶ τῷ Θεῷ μου ἕως ὑπάρχω.
Στίχ. β´. Μακάριος, οὗ ὁ Θεὸς Ἰακὼβ βοηθὸς αὐτοῦ, ἡ ἐλπὶς αὐτοῦ ἐπὶ Κύριον τὸν Θεὸν αὐτοῦ.
Στίχ. γ´. Βασιλεύσει Κύριος εἰς τὸν αἰῶνα, ὁ Θεός σου, Σιών, εἰς γενεὰν καὶ γενεάν.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Ὁ μονογενὴς Υἱὸς καὶ Λόγος τοῦ Θεοῦ…
Terceira Antífona
Vers. 1: Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos n’Ele!
Στίχ. Αὕτη ἡ ἡμέρα Κυρίου, ἀγαλλιασώμεθα καὶ εὐφρανθῶμεν ἐν αὐτῇ.
Apolitíkion da Ressurreição (Modo 2º)
Quando desceste à morte, ó Vida imortal, aniquilaste os infernos pelo esplendor de tua divindade; e quando ressuscitaste os mortos das profundezas da terra, todas as potências celestes exclamaram: ó Cristo, nosso Deus, ó Autor da vida, glória a Ti!
Ὅτε κατῆλθες πρὸς τὸν θάνατον, ἡ ζωὴ ἡ ἀθάνατος, τότε τὸν ᾅδην ἐνέκρωσας τῇ ἀστραπῇ τῆς θεότητος, ὅτε δὲ καὶ τοὺς τεθνεῶτας ἐκ τῶν καταχθονίων ἀνέστησας, πᾶσαι αἱ Δυνάμεις τῶν ἐπουρανίων ἐκραύγαζον, Ζωοδότα Χριστὲ ὁ Θεὸς ἡμῶν δόξα σοι.
Kondákion (Modo 4º)
Pela tua santa natividade, ó Pura, Joaquim e Ana foram libertos do opróbrio da esterilidade, e Adão e Eva da corrupção da morte. Teu povo, salvo da escravidão do pecado te festeja, exclamando: «A estéril dá à luz a Mãe de Deus que alimenta nossa vida»!
Ἰωακεὶμ καὶ Ἄννα ὀνειδισμοῦ ἀτεκνίας, καὶ Ἀδὰμ καὶ Εὔα, ἐκ τῆς φθορᾶς τοῦ θανάτου, ἠλευθερώθησαν Ἄχραντε, ἐν τῇ ἁγίᾳ γεννήσει σου΄ αὐτὴν ἑορτάζει καὶ ὁ λαός σου, ἐνοχῆς τῶν πταισμάτων, λυτρωθεὶς ἐν τῷ κράζειν σοι΄ Ἡ στεῖρα τίκτει τὴν Θεοτόκον, καὶ τροφὸν τῆς ζωῆς ἡμῶν.
Prokímenon (Modo 2º)
Refrão: O Senhor é minha força e meu louvor.
Vers.: O Senhor castigou-me duramente!
Ἰσχύς μου καὶ ὕμνησίς μου ὁ Κύριος
Στίχ. Παιδεύων ἐπαίδευσέ με ὁ Κύριος.
Epístola (Apóstolo)
Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos CORÍNTIOS [9: 2-12]
rmãos, 2ainda que para outros eu não seja apóstolo, para vós, ao menos, o sou; pois o selo do meu apostolado sois vós, no Senhor. 3Esta é a minha resposta àqueles que me acusam: 4Não temos o direito de comer e beber? 5Não temos o direito de levar conosco, nas viagens, uma mulher cristã, como os outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas? 6Ou somente eu e Barnabé não temos o direito de ser dispensados de trabalhar? 7Quem vai alguma vez à guerra com seus próprios recursos? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? 8Digo isto, baseado apenas em considerações humanas? Ou a Lei não diz também a mesma coisa? 9Com efeito, na Lei de Moisés está escrito: «Não amordaçarás o boi que tritura o grão». Acaso Deus se preocupa com os bois? 10Não é, sem dúvida, por causa de nós que ele assim fala? Sim; por causa de nós é que isso foi escrito, pois aquele que trabalha deve trabalhar com esperança e aquele que pisa o grão deve ter a esperança de receber a sua parte. 11Se semeamos em vós os bens espirituais, será excessivo que colhamos os vossos bens materiais? 12Se outros exercem esse direito sobre vós, por que não o poderíamos nós com mais razão? Todavia não usamos esse direito; ao contrário, tudo suportamos, para não criar obstáculo ao evangelho de Cristo.
Aleluia (Modo 2º)
Vers. 1: O Senhor te responda no dia da tribulação.
Vers. 2: Salva, Senhor, o rei (o teu povo), e escuta-nos (quando te invocamos)!
Στίχ. αʹ. Ἐπακούσαι σου Κύριος ἐν ἡμέρᾳ θλίψεως.
Στίχ. βʹ. Κύριε, σῶσον τὸν βασιλέα, καὶ ἐπάκουσον ἡμῶν.
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São MATEUS [18: 23-35].
aquele tempo, o Senhor disse esta parábola: «Eis porque o Reino dos Céus é semelhante a um rei que resolveu acertar contas com os seus servos. 24Ao começar o acerto, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos. 25Não tendo este com que pagar, o senhor ordenou que o vendessem, juntamente com a mulher e com os filhos e todos os seus bens, para o pagamento da dívida. 26O servo, porém, caiu aos seus pés e, prostrado, suplicava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo’. 27Diante disso, o senhor, compadecendo-se do servo, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. 28Mas, quando saiu dali, esse servo encontrou um dos seus companheiros de servidão, que lhe devia cem denários e, agarrando- o pelo pescoço, pôs-se a sufocá-lo e a insistir: ‘Paga-me o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, rogava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei’. 30Mas ele não quis ouvi-lo; antes, retirou-se e mandou lançá-lo na prisão até que pagasse o que devia. 31Vendo os seus companheiros de servidão o que acontecera, ficaram muito penalizados e, procurando o senhor, contaram-lhe todo o acontecido. 32Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo mau, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me rogaste. 33Não devias, também tu, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34Assim, encolerizado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a sua dívida. 35Eis como meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vós não perdoar, de coração, ao seu irmão.»
Kinonikón
Louvai o Senhor nos céus, louvai-O nas alturas! Aleluia!
Αἰνεῖτε τὸν Κύριον ἐκ τῶν οὐρανῶν. Ἀλληλούϊα.
SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
Pe. Pavlos, Hieromonge
«Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores»
atitude daquele que obteve misericórdia de Deus por causa das grandes dívidas, mas que não soube retribuí-la àquele que lhe devia pouco, a princípio, pode causar em nosso interior indignação e tristeza ante tamanha injustiça ou incoerência. No entanto, não estamos tão imunes ou tão distantes de repetirmos semelhantes disparates. De fato, o primeiro sentimento nosso é o de estranheza. Mas, tal estranheza vai dando lugar à semelhança e, não poucas vezes, à identificação. Não somos tão coerentes assim, não somos tão cristãos assim, como as vezes pensamos ser.
E, é nestes momentos de identificação, que precisamos nos soerguer e caminhar.
O Evangelho narrado por Mateus, no capitulo 18, nos traz a tão conhecida pergunta feita a Jesus por Pedro: «Senhor, quantas vezes devemos perdoar?». A resposta que Jesus lhe dá, da mesma forma, nos é familiar, pois repetidas vezes, ouvimo-la. A resposta de Jesus, é, então acompanhada pela narrativa que é conteúdo e objeto de reflexão deste XI Domingo de Mateus.
Jesus, como pedagogo e Mestre, responde a Pedro que devemos perdoar não somente sete vezes, mas setenta vezes sete. Ele complementa e elucida a resposta com esta parábola, inteligentemente construída do ponto de vista ilustrativo, densamente catequético, do ponto de vista da coerência humana e profundamente teológico, pois ensina que os seguidores de Cristo devem imitá-lo, exercitando o perdão e a misericórdia.
A coerência exige coesão entre o falar e o fazer; exige lógica entre o agir e a fé que dizemos abraçar e professar. E, nem sempre a observamos: todas as vezes que rezamos a Oração do Pai-nosso, pedimos para que Deus perdoe nossos erros, na mesma medida que perdoamos aqueles que nos ofendem com suas fraquezas, insultos, mentiras, injustiças etc. Nossa sorte reside no fato de Deus, ao escutar nossa oração, ser movido mais pela misericórdia do que pelo rigor em cumprir aquilo que ouve de nossa boca.
Nesta parábola, identificamos dois sujeitos distintos: aquele que perdoa e o que é perdoado.
Facilmente ligamos a pessoa do «rei» que perdoa a Deus e a pessoa do servo que é perdoado, a todos nós.
Conceder o perdão é um ato e um atributo divino. Ser perdoado é uma realidade inerente à natureza humana. Quem perdoa se mostra semelhante e se identifica com Deus.
«Não podemos conhecer a Deus segundo sua grandeza, mas podemos conhecê-lo segundo seu amor e sua misericórdia. O amor é identificado pela gratuita filiação e a misericórdia revela-se pelo ininterrupto perdão que nos é oferecido a cada queda».
Santo Ireneu.
Quem é perdoado resgata a pureza e a essência de criatura que é. Aquele que primeiramente foi perdoado, não soube dar o perdão ao outro que também necessitava.
Ele soube ser totalmente humano ao reivindicar o perdão de suas dívidas, mas não soube ser nada divino ao negar o mesmo perdão que lhe foi pedido por seu semelhante.
«Os homens exercem a misericórdia na medida que podem. Em troca recebem-na de Deus de maneira copiosa. Pois não há comparação entre a misericórdia humana e divina. Entre elas há uma grande distância».
(São João Crisóstomo).
São Mateus usa esta analogia para nos ensinar que Deus sempre está pronto a nos conceder o perdão. Enfatiza, por outro lado, que o que é perdoado deve também estender o perdão ao irmão ofensor, pois o impiedoso será julgado com a mesma severidade. É necessário que o coração do homem se encha de generosidade e misericórdia ante o irmão que erra, se quer que Deus assim proceda quando estiver diante do justo Juiz.
«É desta forma que eu quero ver se amas o Senhor e a mim, seu servo e teu, se procederes assim: Que não haja no mundo nenhum irmão que, por muito que tenha pecado e venha ao encontro do teu olhar a pedir misericórdia, se vá de ti sem o teu perdão. E se não vier pedir misericórdia, pergunta-lhe tu se a quer. E se, depois, mil outras vezes vier ainda à tua presença para o mesmo, ama-o mais que a mim, a fim de o trazeres ao Senhor. E que sempre te enchas de compaixão por esses desgraçados. E quando puderes, informa os guardiões que estás decidido a proceder deste modo».
(São Francisco de Assis).
O perdão parte sempre de Deus e é distribuído aos homens. Estes, por sua vez, o redistribuem, formando a corrente da misericórdia e do amor. Se um elo desta corrente se quebra, rompe-se a possibilidade de todos experimentarem o que Deus nos oferece e o que os irmãos deveriam repassar. A troca do perdão e da misericórdia em uma comunidade cristã entre seus membros é o fiel da balança que nos mostra o quanto esta mesma comunidade de fato vive o que Jesus ensinou. A Igreja, que é comunidade de irmãos que se amam e se perdoam, experimenta a misericórdia do Pai na fonte, e deve repartir tal graça a seus membros. A mútua troca de perdão e de amor faz mais unida a comunidade cristã e a faz digna da expressão: “Vede como eles se amam”.
«Não é possível manter a unidade nem a paz, se os irmãos não se aplicam a guardar a tolerância mútua e o elo da concórdia graças à paciência. Que dizer ainda, a não ser que não juremos, nem maldigamos, nem reclamemos o que nos tiraram, que apresentemos a outra face a quem nos bate, que perdoemos ao irmão que pecou contra nós, e não só setenta e sete vezes, que desculpemos as suas faltas, que amemos os nossos inimigos, que oremos pelos nossos adversários e por aqueles que nos perseguem?».
(São Cipriano, bispo de Cartago e mártir da Igreja).
Muitos podem não perdoar, mas o cristão que quer viver sua fé de maneira autêntica, seguindo os passos e os ensinamentos do Senhor deve, não só fazê-lo, como incentivar a que ele seja praticado sempre, pois faz parte da essência do cristianismo condenar o erro mas amar o pecador.
Atualmente parece que o mundo se identifica mais com o gesto incoerente do servo impiedoso do que com o gesto do rei misericordioso. A linguagem do perdão não é facilmente decifrada pelo mundo; a linguagem da misericórdia é abafada pelos apelos da vingança e da intolerância; a linguagem do amor se faz muda e surda aos que têm um coração incapaz de compreender gestos altruístas.
É fundamental lembrar que estamos no mundo e não podemos nos deixar contaminar por ele, pois não somos do mundo, como disse o próprio Jesus. Mesmo que estejamos nadando contra a corrente dos ensinamentos do mundo, sabemos que temos um porto seguro, um caminho a ser seguido, uma meta a ser alcançada. A santidade é o que buscamos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
«Não devias também tu ter piedade do teu companheiro, tal como eu tive piedade de ti?»
compaixão, por um lado, e o juízo de simples equidade, por outro, se coexistem na mesma alma, são como um homem que adora Deus e os ídolos na mesma casa. A compaixão é o contrário do julgamento por simples justiça. O julgamento estritamente eqüitativo implica a igual repartição por todos de uma medida semelhante. Dá a cada um o que ele merece, não mais; não se inclina nem para um lado nem para o outro, não discerne na retribuição. Mas a compaixão é suscitada pela graça, inclina-se sobre todos com a mesma afeição, evita a simples retribuição àqueles que são dignos de castigo e cumula para lá de qualquer medida os que são dignos do bem.
A compaixão está assim do lado da justiça, o julgamento apenas eqüitativo está do lado do mal… Tal como um grão de areia não pesa tanto como muito ouro, a justiça eqüitativa de Deus não pesa tanto como a sua compaixão. Assim como um punhado de areia caindo no grande oceano, assim são as faltas de todas as criaturas em comparação com a providência e a piedade de Deus. Tal como uma nascente que corre com abundância não poderia ser bloqueada por um punhado de pó, também a compaixão do Criador não poderia ser vencida pela malícia das criaturas. Aquele que guarda ressentimento quando reza é como um homem que semeia no mar e espera ceifar.
Santo Isaac o Sírio (séc. VII), Discursos espirituais.