10º Domingo do Evangelho de São Mateus (10º depois de Pentecostes - Modo 1°)
Comemoração dos Ss. Apóstolo Tadeu, [dos 70] (séc. I). Bassa, o mártir de Edessa e seus filhos, Teogônios, Agápios e Pistus - (início do séc. IV); Athanasios Patelaros, Patriarca de Constantinopla.
No Orthros (Matinas):
Evangelho (Eoth. 10)
Santo Evangelho segundo o Evangelista São JOÃO [21: 1-14].
aquele tempo, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, às margens do mar de Tiberíades. Manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e dois outros de seus discípulos. Simão Pedro lhes disse: “Vou pescar”. Eles lhe disseram: “Vamos nós também contigo”. Saíram e subiram ao barco e, naquela noite, nada apanharam. Já amanhecera. Jesus estava de pé, na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus lhes disse: “Jovens, acaso tendes algum peixe?” Responderam-lhe: “Não!” Disse-lhes: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Lançaram, então, e já não tinham força para puxá-la, por causa da quantidade de peixes. Aquele discípulo que Jesus amava disse então a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer: “É o Senhor!”, vestiu a roupa – porque estava nu – e atirou-se ao mar. Os outros discípulos, que não estavam longe da terra, mas cerca de duzentos côvados, vieram com o barco, arrastando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas, tendo por cima peixe e pão. Jesus lhes disse: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes. “Simão Pedro subiu então ao barco e arrastou para a terra, a rede, cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes; e apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus “Vinde comer!” Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: “Quem és tu?”, porque sabiam que era o Senhor. Jesus aproxima-se, toma o pão e distribui entre eles; e faz o mesmo com o peixe. Foi esta a terceira vez que Jesus se manifestou aos discípulos, depois de ressuscitado dos mortos.
Na Divina Liturgia:
Primeira Antífona
Vers. 1: Aclamai a Deus, terra inteira (Sl 65:1)
Vers. 2: Cantai a glória do seu nome, dai glória ao seu louvor (Sl 65:2).
Vers. 3: Na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso Deus (Sl 48:9).
Vers. 4: Sua tenda está em Salém e sua moradia em Sião (Sl 76:3).
Glória… Agora e sempre….
Στίχ. α´. Ἀλαλάξατε τῷ Θεῷ πᾶσα ἡ γῆ.
Στίχ. β’. Ἐξομολογεῖσθε αὐτῷ, αἰνεῖτε τὸ ὄνομα αὐτοῦ.
Στίχ. γ’. Ἐν πόλει Κυρίου τῶν δυνάμεων, ἐν πόλει Θεοῦ ἡμῶν.
Στίχ. δ’. Ἐγενήθη ἐν εἰρήνῃ ὁ τόπος αὐτοῦ, καὶ τὸ κατοικητήριον αὐτοῦ ἐν Σιών.
Δόξα Πατρὶ…Καὶ νῦν.
Segunda Antífona
Vers. 1: O Senhor ama as portas de Sião mais que todas as moradas de Jacó (Sl 87:2)
Vers. 2: Ele conta glórias de ti, ó cidade de Deus (Sl 87:3)
Vers. 3: E foi o Altíssimo que a firmou (Sl 87:5b).
Vers. 4: Santificando as moradas do Altíssimo.
Glória… Agora e sempre… Ó Filho Unigênito…
Στίχ. α´. Ἀγαπᾷ Κύριος τὰς πύλας Σιών, ὑπὲρ πάντα τὰ σκηνώματα Ἰακώβ.
Στίχ. β’. Δεδοξασμένα ἐλαλήθη περὶ σοῦ, ἡ πόλις τοῦ Θεοῦ.
Στίχ. γ’. Ὁ Θεὸς ἐθεμελίωσεν αὐτὴν εἰς τὸν αἰῶνα.
Στίχ. δ’. Ἡγίασε τὸ σκήνωμα αὐτοῦ ὁ Ὕψιστος.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν… Ὁ μονογενὴς Υἱὸς
Terceira Antífona
Vers. 1: Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme (Sl 57:8).
Στίχ. α´. Ἑτοίμη ἡ καρδία μου, ὁ Θεός, ἑτοίμη ἡ καρδία μου.
Apolitíkion da Festa (Modo 1º)
Em tua maternidade, conservaste a virgindade, e em tua morte não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. Passaste para a vida, tu que és a Mãe da Vida, e que, por tuas orações, livras da morte as nossas almas.
Ἐν τῇ Γεννήσει τὴν παρθενίαν ἐφύλαξας. Ἐν τῇ Κοιμήσει τὸν κόσμον οὐ κατέλιπες Θεοτόκε, Μετέστης πρὸς τὴν ζωήν, μήτηρ ὑπάρχουσα τῆς ζωῆς, καὶ ταῖς πρεσβείαις ταῖς σαῖς λυτρουμένη, ἐκ θανάτου τὰς ψυχὰς ἡμῶν.
E segue com os demais versículos da Antífona:
Vers. 1: Como retribuirei ao Senhor todo bem que fez? (Sl 116:12)
Vers. 3: Erguerei o cálice da salvação invocando o nome do Senhor (Sl 116:13).
ἙΣτίχ. β’. Τί ἀνταποδώσω τῷ Κυρίῳ περὶ πάντων ὧν ἀνταπέδωκέ μοι;
Στίχ. γ’. Ποτήριον σωτηρίου λήψομαι, καὶ τὸ ὄνομα Κυρίου ἐπικαλέσομαι.
Apolitíkion da Ressurreição (Modo 1º)
Embora a pedra fosse selada pelos judeus, e teu imaculado Corpo fosse guardado pe-los soldados, ressuscitaste ao terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo. Por isso, as potências celestes exclamaram, ó Autor da vida: «Glória à tua ressurreição, ó Cristo! Glória à tua realeza, glória à tua providência, ó Filantropo!»
Του λίθου σφραγισθέντος υπό των Ιουδαίων, και στρατιωτών φυλασσόντων το άχραντον σου σώμα, ανέστης τριήμερος Σωτήρ, δωρούμενος τω κοσμώ την ζωήν. Δια τούτο αι δυνάμεις των ουρανών εβόων σοι ζωοδότα. Δόξα τη αναστάσει σου Χριστέ, δόξα τη βασιλεία σου, δόξα τη οικονομία σου, μόνε φιλάνθρωπε.
Kondákion da Festa (Modo 2º)
O túmulo e a morte não subjugaram a Mãe de Deus, a incansável Intercessora e a vigilante Protetora; mas, sendo ela a Mãe da Vida, fê-la passar para a vida Aquele que habitou em seu seio sempre virgem.
Τήν εν πρεσβείαις ακοίμητον Θεοτόκον, καί προστασίαις αμετάθετον ελπίδα, τάφος καί νέκρωσις ουκ εκράτησεν, ως γάρ ζωής Μητέρα, πρός τήν ζωήν μετέστησεν, ο μήτραν οικήσας αειπάρθενον.
Prokímenon (Modo Pl. 4º)
Refrão: Venha sobre nós a tua misericórdia, Senhor!
Vers.: Regozijai, ó justos, no Senhor!
Γένοιτο, Κύριε, τὸ ἔλεός σου ἐφ’ ἡμᾶς.
Στίχ. Ἀγαλλιᾶσθε,δίκαιοι, ἐν Κυρίῳ.
Epístola (Apóstolo)
Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos CORÍNTIOS (4: 9-16)
rmãos, 9Julgo que Deus nos expôs, a nós, apóstolos, em último lugar, como condenados à morte: fomos dados em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. 10Somos loucos por causa de Cristo, vós, porém, sois prudentes em Cristo; somos fracos, vós, porém, sois fortes; vós sois bem considerados, nós, porém, somos desprezados. 11Até o momento presente ainda sofremos fome, sede e nudez; somos maltratados, não temos morada certa 12e fatigamo-nos trabalhando com nossas mãos. Somos amaldiçoados, e bendizemos; somos perseguidos, e suportamos; 13somos caluniados, e consolamos. Até o presente somos considerados como o lixo do mundo, a escória do universo. 14Não vos escrevo tais coisas para vos envergonhar, mas para vos admoestar como a filhos bem-amados. 15Com efeito, ainda que tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais, pois fui eu quem pelo Evangelho vos gerou em Cristo Jesus. 16Exorto-vos, portanto: sede meus imitadores.
Aleluia (Modo 1º, Sl. 16 [17])
Vers. 1: Deus assegura a minha vitória e me submete os meus adversários.
Vers. 2: É ele quem dá grandes vitórias ao seu rei e usa de misericórdia para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre.
Στίχ. αʹ. Στίχ. αʹ. Ὁ Θεὸς ὁ διδοὺς ἐκδικήσεις ἐμοί, καὶ ὑποτάξας λαοὺς ὑπ’ ἐμέ.
Στίχ. βʹ. Μεγαλύνων τὰς σωτηρίας τοῦ βασιλέως αὐτοῦ, καὶ ποιῶν ἔλεος τῷ χριστῷ αὐτοῦ, τῷ Δαυΐδ καὶ τῷ σπέρματι αὐτοῦ ἕως αἰῶνος.
Evangelho
Evangelho de Jesus Cristo segundo o evangelista São MATEUS [17: 14-23]
aquele tempo, 14ao chegarem junto da multidão, aproximou-se dele um homem que, de joelhos, lhe pedia: 15«Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é lunático e sofre muito com isso. Muitas vezes cai no fogo e outras muitas na água. 16Eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não foram capazes de curá-lo». 17Ao que Jesus replicou: «Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o aqui». 18Jesus o conjurou severamente e o demônio saiu dele. E o menino ficou são a partir desse momento. 19Então os discípulos, procurando Jesus a sós, disseram: «Por que razão não pudemos expulsá-lo?» 20Jesus respondeu-lhes: «Por causa da fraqueza da vossa fé, pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘transporta-te daqui para lá’, e ela se transportará, e nada vos será impossível. [21Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum]». 22Estando eles reunidos na Galileia, Jesus lhes disse: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens 23e eles o matarão, mas no terceiro dia ressuscitará». E eles ficaram muito tristes.
Kinonikón
Louvai o Senhor nos céus, louvai-O nas alturas! Aleluia!
Αἰνεῖτε τὸν Κύριον ἐκ τῶν οὐρανῶν. Ἀλληλούϊα.
«Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: vai daqui para lá, e ela irá…»
esus sempre procurou valorizar o pequeno. Aquilo que era muitas vezes menosprezado pelos homens, ele atribuía seu verdadeiro valor e importância. Procurava enaltecer o desprezível, o insignificante e o diminuto. Deu-nos muitos exemplos a este respeito para que pudéssemos aprender a rever nossa posição diante daquilo que é julgado anódino pela maioria. A semente de mostarda, o dracma perdido, a espiga de trigo, a ovelha perdida, o copo d’água oferecido ao sedento, são alguns exemplos que receberam de Deus o valor devido, mostrando-nos que nem tudo o que aparentemente é secundário para o mundo, seja assim para Deus. Ensinou que à criança pura e sensível está destinado o Reino dos Céus; e nos instruiu a imitá-la para que também pudéssemos ser dignos deste Reino. Jesus não era um homem das massas, não gostava de populismos, evitava o ufanismo, procurava orientar seus discípulos que não contassem aos outros a maioria dos milagres; preferia a sutileza da gratidão de um humilde a ser exaltado e homenageado pelos das camadas mais privilegiadas.
Conhecia o coração das pessoas, sabia de seus sofrimentos e de suas inquietudes, estava ciente do quanto os homens são afligidos pelas doenças e pelas possessões do demônio.
Valorizou as viúvas indefesas, os órfãos, os servos, os pobres, os excluídos, os marginalizados, os doentes, os deficientes: todos eles sensibilizavam o Deus da Vida. Contudo, a criança era a predileção de Jesus. Via nela a imagem da pureza, a imagem do imaculado. Na criança a imagem e semelhança de Deus que nos foi dada na Criação permanecem fidedignas, pois Deus se revela pela sua candura. Nada sensibilizava mais seu coração quanto ver o sofrimento de uma criança inocente. Este é o cenário no qual Jesus se encontra: trouxeram-lhe uma criança que estava possuída por um espírito maligno e que por causa disso, sofria ataques de epilepsia que a levavam a cair no fogo ou na água para o desespero de seus familiares. Jesus ouve da boca do próprio pai que seus discípulos não foram capazes de curar seu filho que padecia de uma grave enfermidade e que por isso estava trazendo diante dele, como última esperança.
O Senhor expôs para todos a fraqueza e a pequenez da fé que seus seguidores mais próximos tinham; e denunciou que esta fé vulnerável era o motivo pelo qual a cura não tinha sido alcançada. A falta de uma fé consistente em Deus da parte dos discípulos fez o Senhor falar de um jeito mais enérgico beirando o desabafo e a rispidez: “Ó gente de pouca fé! Até quando deverei ficar convosco? Até quando terei que vos suportar?” Jesus estava se referindo a pouca fé dos apóstolos que, apesar de sempre estarem em sua companhia, pareciam não aprender muito com ele.
Imediatamente após esta censura, Jesus curou o menino. Bastou um gesto, bastou um toque. Sem espetáculos, sem alardes, sem ostentação, como lhe era peculiar, Jesus expulsou e venceu outra vez o demônio, e a cura foi imediata. Os discípulos ficaram atônitos diante da simplicidade do gesto de cura realizada pelo Senhor e se questionaram: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?”.
O Senhor revelou que aquela “espécie de demônios não podia ser expulsa de nenhum outro modo, a não ser pela oração”. A oração nos faz íntimos com Deus e, por isso, conhecedores de sua vontade. A fé inquebrantável em Deus é resultante do contínuo diálogo com Deus. A comunicação diária com o Senhor estreita os laços de nossa filiação e nos faz sensíveis a esta realidade. Verdadeiramente, somos filhos de Deus em seu Filho, por isso faz a experiência desta comunhão quem de fato eleva sua alma e ora.
Muitos seguidores de Jesus, hoje e naquele tempo, queriam experimentar esta comunhão em suas vidas. A causa do insucesso era e continua sendo a falta de esforço e de persistência na oração. Sem oração não há fé inabalável. Sem um mínimo de fé não há como persistir na oração sincera. A fé é dom de Deus; para se tê-la é necessário pedi-la e para pedi-la é imperioso orar. A fé nos é dada à medida de nosso esforço em persistir na petição. Ela nos é oferecida aos poucos, para que da mesma maneira possamos contemplar a abundante graça divina que nos é ofertada.
Jesus diz a seus discípulos que se tivéssemos fé do tamanho de uma semente de mostarda transportaríamos uma montanha de um lado ao outro; e que faríamos obras maiores do que as dele. Esta constatação estampa a fragilidade da nossa fé em Deus, revela nossa falta de perseverança na oração. Talvez a montanha primeira que teremos que transpor seja nossa própria resistência na frequência da oração.
Quem reza aceita obediente à vontade de Deus. Aceita seus desígnios. Não questiona as dificuldades impostas pelo transcorrer dos acontecimentos, não atribui ao Criador responsabilidades que lhe são alheias; enxerga em cada instante o atuar incessante de sua providência nos caminhos da história. Enche-se de coragem e de entusiasmo e enfrenta as barreiras, pois sabe que Deus não lhe faltará.
Outro fruto da oração é a obediência à sua Palavra. Jesus, sinal da perfeita comunhão entre o homem e o Pai, entre o humano e o Divino, foi obediente à vontade de Deus. Predisse a seus discípulos, após curar aquela criança, que iria padecer e morrer mas ressuscitaria no terceiro dia. Seus seguidores não compreenderam aquelas divinas palavras, não sabiam do que ele falava. Compreenderiam mais tarde, quando o Divino Paráclito lhes foi enviado. É imprescindível que o Espírito Santo norteie nossos passos, que ele dirija nossos caminhos para que possamos compreender as palavras, os ensinamentos de Jesus nos dias atuais. As palavras são eternas, não mudam. Nossas atitudes diante delas é que precisam ser transformadas pelo Espírito Santo.
Nossa fé ainda permanece pequena mas há quem a tenha muito maior do que o tamanho de uma semente de mostarda. Talvez, estes, para não ganhar o aplauso vil do mundo, não estejam transportando montanhas, mas fazem a santidade de vida ser uma realidade possível. Vivem no anonimato servindo seu próximo no silêncio, procurando curar as pessoas das novas doenças deste século. São santos agindo no meio da multidão de maneira despercebida, mas atuante, como fermento levedando a massa. Homens de jejum, oração, que se entregam todos os dias à obediência e à escuta da Palavra de Deus; agem assim movidos pela fé e sabem que é pela candura, pela simplicidade e pela humildade do servir que recuperaremos a imagem da criança adormecida em nós e tão amada e valorizada por Jesus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.