«1º Domingo do Evangelho de São Lucas» (15º depois de Pentecostes - Modo Pl. 2º)
Comemoraçãos dos Ss. Eufrosina de Alexandria mon. (séc. V); Panfúcio e seus 546 cc. do Egito; Sérgio de Radonéz, mon., morte († 1391); Sinaxe da Santíssima Theotokos de Evangelistria, Mochos; Finbar, o Confessor, primeiro Bispo de Cork.
No Orthros (Matinas):
Evangelho (Eoth. 2)
Santo Evangelho segundo o Evangelista São LUCAS [24: 1-12].
aquele tempo, 1no primeiro dia da semana, muito cedo ainda, elas foram ao sepulcro, levando os aromas que tinham preparado. 2Encontraram a pedra do túmulo removida, 3mas, ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. 4E aconteceu que, estando perplexas com isso, dois homens se postaram diante delas, com veste fulgurante. 5Cheias de medo, inclinaram o rosto para o chão; eles, porém, disseram: «Por que procurais entre os mortos Aquele que vive? 6Ele não está aqui; ressuscitou. Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia: 7‘É preciso que o Filho do Homem seja entregue às mãos dos pecadores, seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia’». 8E elas se lembraram de suas palavras. 9Ao voltarem do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze, bem como a todos os outros. 10Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. As outras mulheres que estavam com elas disseram-no também aos apóstolos; 11essas palavras, porém, lhes pareceram desvario, e não lhes deram crédito. 12Pedro, contudo, levantou-se e correu ao túmulo. Inclinando-se, porém, viu apenas os lençóis. E voltou para casa, muito surpreso com o que acontecera.
Na Divina Liturgia:
Primeira Antífona (Modo 2º)
Vers. 1: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e todo o meu ser bendiga o seu santo nome.!
Vers. 2: Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não esqueças nenhum de seus benefícios!
Vers. 3: O Senhor firmou no céu o seu trono e sua realeza governa o universo.
Glória… Agora e sempre….
Στίχ. α´. Εὐλόγει ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον, καὶ πάντα τὰ ἐντός μου τὸ ὄνομα τὸ ἅγιον αὐτοῦ.
Στίχ. β’. Εὐλόγει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον, καὶ μὴ ἐπιλανθάνου πάσας τὰς ἀνταποδόσεις αὐτοῦ.
Στίχ. γ’. Κύριος ἐν τῷ οὐρανῷ ἡτοίμασε τὸν θρόνον αὐτοῦ, καὶ ἡ βασιλεία αὐτοῦ πάντων δεσπόζει.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Segunda Antífona (mesmo modo)
Vers. 1: Louva, ó minha alma, o Senhor! Louvarei o Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores a meu Deus enquanto eu existir.
Vers. 2: Bem-aventurado o que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus.
Vers. 3: O Senhor reinará eternamente; ele é teu Deus, ó Sião, de geração em geração!
Glória… Agora e sempre…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…
Στίχ. α´. Αἴνει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον αἰνέσω Κύριον ἐν τῇ ζωῇ μου ψαλῶ τῷ Θεῷ μου ἕως ὑπάρχω.
Στίχ. β´. Μακάριος, οὗ ὁ Θεὸς Ἰακὼβ βοηθὸς αὐτοῦ, ἡ ἐλπὶς αὐτοῦ ἐπὶ Κύριον τὸν Θεὸν αὐτοῦ.
Στίχ. γ´. Βασιλεύσει Κύριος εἰς τὸν αἰῶνα, ὁ Θεός σου, Σιών, εἰς γενεὰν καὶ γενεάν.
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Ὁ μονογενὴς Υἱὸς καὶ Λόγος τοῦ Θεοῦ…
Terceira Antífona
Vers. 1: Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos n’Ele!
Στίχ. Αὕτη ἡ ἡμέρα Κυρίου, ἀγαλλιασώμεθα καὶ εὐφρανθῶμεν ἐν αὐτῇ.
Apolitíkion da Ressurreição (Modo Pl. 2º)
Enquanto Maria estava, diante do sepulcro, à procura do teu imaculado Corpo, os Anjos apareceram em teu túmulo e as sentinelas desfaleceram. Sem ser vencido pela morte, submeteste ao teu domínio o reino dos mortos; e vieste ao encontro da Virgem revelando a vida. Senhor, que ressurgiste dos mortos, glória a Ti!
Αγγελικαί δυνάμεις επί το μνήμα σου, και οι φυλάσσοντες, απενεκρώθησαν και ίστατο Μαρία εν τω τάφω, ζητούσα το άχραντον σου σώμα. Εσκύλευσας τον άδην, μη πειρασθείς υπ’ αυτού, υπήντησας τη παρθένω, δωρούμενος την ζωήν. Ό αναστάς εκ των νεκρών, Κύριε δόξα σοι.
Apolitíkion de Santa Eufrosina de Alexandria (Modo Pl. 1º)
Αγγελικαί δυνάμεις επί το μνήμα σου, και οι φυλάσσοντες, απενεκρώθησαν και ίστατο Μαρία εν τω τάφω, ζητούσα το άχραντον σου σώμα. Εσκύλευσας τον άδην, μη πειρασθείς υπ’ αυτού, υπήντησας τη παρθένω, δωρούμενος την ζωήν. Ό αναστάς εκ των νεκρών, Κύριε δόξα σοι.
Kondakion (Modo 2º)
Ó Admirável e Protetora dos cristãos e nossa Medianeira do Criador, não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores; mas, apressa-te em auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, pois te invocamos com fé: roga por nós junto de Deus, tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Προστασία τῶν Χριστιανῶν ἀκαταίσχυντε, μεσιτεία πρὸς τὸν Ποιητὴν ἀμετάθετε, Μὴ παρίδῃς ἁμαρτωλῶν δεήσεων φωνάς, ἀλλὰ πρόφθασον, ὡς ἀγαθή, εἰς τὴν βοήθειαν ἡμῶν, τῶν πιστῶς κραυγαζόντων σοι. Τάχυνον εἰς πρεσβείαν, καὶ σπεῦσον εἰς ἱκεσίαν, ἡ προστατεύουσα ἀεί, Θεοτόκε, τῶν τιμώντων σε.
Prokímenon (Modo Pl. 2º)
Refrão: Salva, Senhor, o teu povo, e abençoa a tua herança (Sl 28, 9).
Vers.: A Ti, Senhor, eu clamo, ó meu Deus!
Σῶσον τὸν λαόν σου καὶ εὐλόγησον τὴ κληρονομίαν σου.
Στίχ. Πρός σέ, Κύριε, κεκράξομαι, ὁ Θεός μου.
Epístola (Apóstolo)
Segunda Epístola do Apóstolo São Paulo aos CORÍNTIOS [4: 6-15]
rmãos, 6Deus, que disse: ‘Do meio das trevas brilhe a luz’!, foi ele mesmo quem reluziu em nossos corações, para fazer brilhar o conhecimento da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo. 7Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila, para que esse incomparável poder seja de Deus e não de nós. 8Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados; postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses; 9perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados. 10Incessantemente e por toda parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo. 11Com efeito, nós embora vivamos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, a fim de que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa carne mortal. 12Assim a morte trabalha em nós; a vida, porém, em vós. 13Por conseguinte, tendo o mesmo espírito de fé a respeito do qual está escrito: Acreditei, por isto falei, cremos também nós, e por isto falamos. 14Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus ressuscitará também a nós com Jesus e nos colocará ao lado dele, juntamente convosco. 15E tudo isto se realiza em vosso favor, para que a graça, multiplicando-se entre muitos, faça transbordar a ação de graças para a glória de Deus.
Aleluia (Modo Pl. 2º)
Vers. 1: Quem habita ao abrigo do Altíssimo e vive à sombra do Senhor onipotente (Sl 91, 1).
Vers. 2: Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção; sois o meu Deus no qual confio inteiramente (Sl 91, 2).
Στίχ. αʹ. Ὁ κατοικῶν ἐν βοηθείᾳ τοῦ Ὑψίστου, ἐν σκέπῃ τοῦ Θεοῦ τοῦ οὐρανοῦ αὐλισθήσεται.
Στίχ. βʹ. Ἐρεῖ τῷ Κυρίῳ· Ἀντιλήπτωρ μου εἶ καὶ καταφυγή μου, ὁ Θεός μου, καὶ ἐλπιῶ ἐπ’ αὐτόν.
Evangelho
Santo Evangelho segundo o Evangelista São LUCAS [5: 1-11].
aquele tempo, 1certa vez em que a multidão se comprimia ao redor dele para ouvir a palavra de Deus, à margem do lago de Genesaré, 2viu dois pequenos barcos parados à margem do lago; os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca». 5Simão respondeu: «Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes». 6Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam. 7Fizeram então sinais aos sócios do outro barco para virem em seu auxílio. Eles vieram e encheram os dois barcos, a ponto de quase afundarem. 8À vista disso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!» 9O espanto, com efeito, se apoderara dele e de todos os que estavam em sua companhia, por causa da pesca que haviam acabado de fazer; 10e também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus, porém, disse a Simão: «Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens». 11Então, reconduzindo os barcos à terra e deixando tudo, eles o seguiram.
Kinonikón
Louvai o Senhor nos céus | louvai-O nas alturas! Aleluia!
Αἰνεῖτε τὸν Κύριον ἐκ τῶν οὐρανῶν. Ἀλληλούϊα.
O Primeiro Domingo do Evangelho de São Lucas
Primeiro Domingo de Lucas inicia um novo tempo no Calendário Litúrgico Bizantino e dá-se após o encerramento das solenidades da Festa da Exaltação da Santa Cruz.
O terceiro Evangelista é também autor dos Atos dos Apóstolos. No Evangelho, Lucas relata a vida do Senhor enquanto esteve com seus discípulos ensinando, operando milagres e pregando o Reino de Deus. Nos Atos dos Apóstolos, Lucas relata a vida da Igreja primitiva, uma continuação da missão do Senhor.
Lucas era médico e ocupava uma posição social privilegiada, conhecia muito bem a língua grega e os costumes e tradições helênicas . Há fortes indícios de que acompanhou São Paulo em algumas de suas viagens, pois este refere-se a um “querido médico” que o auxiliava em sua árdua missão (Fl 24).
Mesmo pertencendo a uma classe social abastada, acentuou em seus escritos as passagens em que Jesus anunciava o Reino aos pobres, aos pecadores, às prostitutas. Este é o Reino anunciado por Jesus e que Lucas transmite através dos seus escritos.
Mas, para anunciar este Reino, esta Boa-Nova, o Senhor necessitou de colaboradores, ou seja, dos seus discípulos. Ele é o iniciador do Reino. É n’Ele que os seres humanos atingem a condição de Filhos e são libertados do pecado. N’Ele os homens se tornam colaboradores de Deus na obra da Salvação. Em torno d’Ele, como Pedra Angular, organiza-se uma comunidade de amor e de serviço missionário. Primeiramente, doze, depois muitos outros.
É de singular importância observarmos que Lucas relata que o Senhor está dentro da barca quando começa a pregar.
Depois da pregação, eis que surgiu um pedido feito ao proprietário do barco: “Avança para as águas mais profundas”. Em meio à uma mescla de admiração, com tons de contestação, diante daquele pedido, no entanto, surgiram palavras de confiança: “Senhor, trabalhamos a noite toda e nada pescamos. Mas por tua palavra, lançarei as redes”. A ordem de Jesus seria cumprida, não porque concluíssem que havia nelas uma razão plausível, mas porque Jesus pediu. “Por tua palavra”, disse Pedro, “lançarei as redes”.
Diante de um pedido de Deus, a razão humana cede seu lugar à obediência e a lógica passa a se orientar não mais por premissas do homem, mas por premissas explicáveis somente pela fé.
A palavra de Deus está presente no mundo, porém poucos a ouvem e por isso poucos a praticam. Por não se ouvir tais palavras, as redes teimam em permanecer no chão, ou quando são jogadas ao mar, são lançadas em águas rentes.
Nosso Deus é o Deus da profundidade. Ele conhece o coração do homem. Ele sonda nossos caminhos. “Sondas-me, ó Deus, e conheces o meu coração! Prova-me, e conheces os meus sentimentos!. Conheces até o fundo de minha alma” (Sl 139).
Por isso mesmo, pede que joguemos as redes da pesca nas profundezas, pois lá encontra-se o verdadeiro homem, e é este homem que Deus quer “pescar” em suas redes.
Para lançar as redes em águas mais profundas, é necessário sair da margem e da superfície. Nas margens, as águas são tranqüilas, calmas e não oferecem perigo nenhum. As águas mais profundas estão no mar aberto, longe do litoral, onde rodeia o perigo e a insegurança e é neste lugar que Jesus pede que façamos a pesca. Os que querem segurança e calmaria, continuarão a sentir a frustração de uma pesca fracassada. Os que se arriscam, “por Tua palavra”, sentirão insegurança, medo por causa das intempéries das águas profundas, porém terão uma dupla satisfação: a de obedecer a Palavra de Deus e se arriscar por ela e a alegria de sentir o peso das redes cheias, pois a pesca foi abundante.
Na superfície, poucos peixes existem, talvez inexistem totalmente. Se quisermos encontrar coerência na obediência da palavra de Deus que prestamos, é preciso sair da superfície e lançar as redes longe dela, para trazer para o Senhor peixes melhores.
Hoje somos convidados a seguir Jesus e nos tornar pescadores de homens para o Reino. Estes homens estarão nos lugares mais escondidos, mais insondáveis, isto é, nas águas mais profundas. Os chamados por Jesus, nos tempos hodiernos, antes de tudo, são convidados a experimentar o convívio com o Senhor, para depois partirem. É desta experiência pessoal com Deus que brota a coragem de se fazer ao largo e pescar longe das calmarias. É por causa dela que, de fato, nos reconheceremos pecadores, mas mesmo assim responderemos positivamente ao chamado que nos é feito, como aconteceu com Pedro, Tiago e João. A experiência pessoal com Jesus fará que tenhamos consciência de outra realidade: para lançarmos as redes em águas mais profundas, teremos necessidade de uma embarcação. É impossível permanecer longe das margens sem se fazer uso delas, ainda mais quando somos chamados a pescar.
O símbolo do barco é forte. A Igreja é este barco. A certeza de estarmos pescando para o Reino é o fato de estarmos cumprindo nossa vocação inseridos nela. Sem o barco ou sem a Igreja, corremos o risco de estar pescando não para Deus, mas para satisfazer nosso próprio ego. A vocação dos primeiros chamados se deu quando Jesus estava sentado no barco e, de dentro dele, lançou o convite para que Pedro, Tiago e João se tornassem pescadores de homens. O que nos credencia, de fato, a sermos vocacionados é a pertença a uma comunidade eclesial. Deus ainda é quem dirige este barco e, dele, ainda lança convites, ainda chama mais pescadores que tenham a coragem e o desprendimento de deixar tudo para segui-Lo.
A palavra grega «ECCLESIA», significa assembleia, reunião daqueles que são chamados, convocados. A Igreja é a comunhão dos chamados por Deus a viver no amor. Cada batizado é chamado pelo Senhor a «lançar as redes em águas mais profundas», lançar-se ao largo, sem medo. E, para isso é necessário fazer a experiência do ENCONTRO com o Senhor, como fizeram os discípulos, seguir seus passos, sentir sua PRESENÇA em nossas vidas. Quem faz esta experiência com o Deus-Amor, é imediatamente compelido a uma adesão e a um compromisso de anunciar, de evangelizar. Amém
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
- STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Evangelho de Lucas, São Paulo: Ed. Paulus.