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A «Encíclica sobre a Eucaristia» e a necessidade ecumênica de uma reflexão mais profunda

Pe. Servita, fratello da Comunidade de Bose - Itália
Docente de Teologia Ecumênica
Por Giancarlo Bruni

Em 17 de abril de 2003, Quinta-feira santa, saía a encíclica Ecclesia de Eucharestia, de João Paulo II, com os nn. de 43 a 46 dedicados a sua “relação com o empenho ecumênico”: “A aspiração da unidade nos impele a voltar o olhar para a Eucaristia, que é o supremo sacramento da unidade do povo de Deus, sendo dele a expressão adequada e a insuperável fonte”. Não entro no mérito das queixas que suscitou nos ambientes da Reforma protestante.

Foram criticadas, em particular: a insistência no caráter sacrifical da Missa, a importância do ministério ordenado para sua validade e a rigidez dos critérios para a admissão à comunhão eucarística.

A muitos pareceu que foi retomada a linguagem do concílio de Trento e da teologia escolástica, sem nada levar em conta do que foi alcançado em sede ecumênica nas últimas décadas e sem referência à própria reflexão teológica católica”. Assim C. Molari em Rocca de 15 de junho de 2003. Reflexão católica que, a par de alegrar-se com o título pela palavra “A Eucaristia faz a Igreja” e pela afirmação de que ela “é a síntese do mistério da Igreja” reconhece, contudo, ela mesmo, sem esconder que “é uma das missões da autoridade chamar a atenção para os desvios”, um certo enrigecimento sobre a “função sacerdotal” do padre com relação à consagração. Uma reflexão, como salienta P. de Clerck numa entrevista em 18 de abril de 2003 ao La Croix, por sua vez desenvolvido no Catecismo da Igreja Católica que salienta “a eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo para operar essa transformação”, frase apoiada numa citação de João Crisóstomo: “Não é o homem que faz com que as ofertas se tornem Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo”.

De igual modo, o mesmo “aspecto sacrifical” da Ceia do Senhor, motivo de forte atrito, se repensado à luz da comunhão e reflexão ecumênica poderia tornar-se uma importante chave de leitura. De fato, o ecumenismo contemporâneo, retornou ao tema rico tanto por um conhecimento mais adequado do termo “memorial” reconduzido à sua matriz hebraico-judaica quanto pelo patrimônio interpretativo dos Pais da Igreja e da vivência litúrgica”.

E a suspeita que existia sobre a ligação Ceia-sacrifício começou a ser superada.

Documentos como o do diálogo católico-anglicano, católico-metodista até o documento de Lima sobre Batismo, Eucaristia e ministério por obra de Fé e Constituição são disso o testemunho encontrado no Enchiridion Oecumenicum.

Notificação de uma fratura recomposta ou em via de recomposição em termos bem situados, por exemplo, no acordo de Dombes de 1972 sobre a Eucaristia entre católicos, luteranos e reformados calvinistas.

O pouco espaço impede-nos de repropor os textos que testemunham o afirmar-se de um acordo sobre o significado da Eucaristia: ela é um encontro na Ceia em que o Vivente se torna presente aos seus tornando-os contemporâneos do momento mais alto e puro da automanifestação e da autocomunicação de Deus ao homem no Filho. Tal momento é o “anúncio” do sacrifício de Cristo, único e irrepetível (Hb 10, 10-14) tornado atual pela “memória” litúrgica, sacrifício no sentido de livre, gratuita, gozosa, unilateral e incondicional decisão de doação de si. O único sacrumfacere agradável a Deus, gesto de revelação completada e de fundação do dizer-se de Deus nos confrontos do homem explicitamente reunido pela Igreja, gesto de revelação realizada e de fundação do homem modelado naquele de Deus em Cristo, de quem as Igrejas e os cristãos são chamados a ser testemunhas sempre necessitadas de conversão.

Como conclusão, digamos que permanece ainda viva a desilusão em muitos pelo fechamento à participação da comum mesa eucarística, desilusão evidente no primeiro grande encontro ecumênico, o Oekumenische Kirchentag realizado conjuntamente pelos católicos e protestantes alemães, em 28 de maio, em Berlim. Uma decepção devida a uma leitura diversa da Eucaristia com relação à unidade das Igrejas: para o catolicismo e a Ortodoxia a Eucaristia continua o já da substancial comunhão nos âmbitos da fé, dos sacramentos e do ministério; para o protestantismo ela é caminho para o ainda não da plena comunhão. Questões abertas que remetem a futuros suplementos de pesquisa, de explicação e de indicação disciplinar, porque, se é verdade que não estamos ainda no “já”, é também verdadeiro que também não estamos nem mesmo no “ponto de chegada” do caminho ecumênico.

Fonte:

JESUS - Mensile di cultura e attualitá religiosa. Anno XXV - Setembre/2003 - n. 9. Tradução de Pe. José A Besen. Professor de Espiritualidade Bizantina, Instituto Teológico de Santa Catarina - ITESC, Florianópolis - Santa Catarina

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