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O CÉU

Obra da salvação querida por Deus para todos os seres humanos. Se o inferno é a não-salvação, o que Deus não quer, o céu, ao contrário, é “o último destino” para “onde” caminhamos impulsionados pelo amor (Maria Clara Bingemer).

Sendo céu a designação da plenitude absoluta alcançada pelo homem ajudado por Deus, a palavra que remete a essa realidade é uma parábola significativa. Céu, literalmente, significa firmamento ou abóbada. As religiões urânicas (dos caçadores e dos nômades) ofereciam uma profunda experiência da grandiosidade do céu. E, assim, viram nele o símbolo da realidade divina. Compreendemos, portanto, céu como transcendência: Deus é Aquele que se encontra “acima de tudo”. Então, céu é sinônimo de Deus e, para o Novo Testamento, de Jesus ressuscitado (cf. L. BOFF, Vida para além da morte, p. 68).

O teólogo francês SESBOÜÉ sugere o uso da expressão “Vida Eterna” (cf. B. SESBOÜÉ, Croire, op. cit., p. 530).

Céu e ressurreição se equivalem: “Deus ressuscita o ser humano na morte (...) (e) abre para a pessoa novas dimensões de vida (...) que chamamos CÉU” (R. J. BLANK, Escatologia da pessoa, p. 288).

“A ressurreição é a forma mediante a qual alcançamos a salvação eterna ou céu” (Francisco de Mier, Escatologia cristiana, 225).

A ressurreição de Jesus é, de fato, a base da nossa salvação. Por causa dela podemos ter esperança (Edson Oliveira Silva).

A Bíblia utiliza imagens tiradas da vida cotidiana. “No AT, o céu é intramundano” (LIBÂNIO). (Salmos 16 e 73 e em 2 Mc, já aparece uma reflexão sobre a vida eterna após a morte).

Vida eterna, salvação ou céu é ser assumido por Cristo em sua glória em indissolúvel comunhão existencial com ele, sobretudo permanecendo em seu amor para sempre. De fato, “a vida eterna proposta no NT é a plenitude do amor” (LIBÂNIO; BINGEMER, Escatologia cristã, p. 273).

O banquete e as núpcias (cf. Mt 22, 1-10; 25, 1-3; Lc 12, 35-38 e 13, 28-29).

Descanso sabático: o Dia de Javé (cf. Ex 20, 8-10).

Casa do Pai (cf. Jo 14, 1-3).

Vinho do Reino (cf. Mt 26, 29).

Éden ou paraíso (cf. Gn 3).

Vitória (cf. 1 Cor 9, 25; Tg 1, 12; Ap 2, 11; 2, 17; 3, 5).

Cidade de Deus (cf. Ap 21, 9-22, 5).

A Tradição compreendia o céu ligado à ressurreição de Jesus, comunitário e dinâmico.

No credo cristão, a vida eterna é mencionada, como objeto primordial de nossa fé e nossa esperança. O mais importante é a vida eterna (SESBOÜÉ, p.530).

Na Patrística, a ressurreição do corpo total de Cristo era uma constante na reflexão dos padres. Para os padres apostólicos fica claro que a salvação significa alcançar a Deus, estar com Cristo. Padres apologetas defendem esta doutrina de ataques gnósticos afirmando que tal ressurreição é também corporal, inclui a totalidade da pessoa.

Agostinho defendia que o céu é para um pequeno número de eleitos, pois a maioria dos homens seriam condenados (grande influência na Teologia do Ocidente).

Idade Média: teólogos usaram muito a terminologia “visão de Deus” ou “visão beatífica” para falar do céu (Hugo de S. Vítor, S. Boaventura, Pedro Lombardo e, sobretudo, S. Tomás de Aquino). Tomás afirma que a meta humana suprema é a visão de Deus: a única plenitude da criatura racional (SESBOÜÉ, História dos Dogmas, 334).

Constituição Benedictus Deus de Bento XII, em 1336, solene declaração da imediatez da retribuição para bons e maus; valiosas afirmações sobre a visão beatífica, explica o conteúdo da felicidade eterna, a visão imediata de Deus e o gozo que esta produz, refere-se a “estar com Cristo” no céu (SESBOÜÉ, História dos Dogmas).

Vaticano II confirma as intuições dos concílios anteriores num contexto de renovação bíblica e de recuperação da teologia da história e desenvolve numa perspectiva eclesiológica (LG, 14,18,38,39 e Cap. VII); e GS).

Características em Renold Blank: “Deus quer a salvação de todos”! “O nosso último destino, conforme a vontade de Deus, é a salvação para uma vida plenamente evoluída em todos os sentidos. Uma vida em plenitude! A esta vida, tradicionalmente, dá-se o nome de ‘CÉU'.

O Céu é a realidade sumamente realizadora de tudo o que o homem pode aspirar de grande e de plenificador (L. BOFF, Vida para além da morte, p. 68).

Céu é a resposta divina à pergunta pelo sentido último da vida, da realidade, da história (J-J TAMOYO-ACOSTA, Para compreender la escatologia cristiana, op. cit., p. 224).

Céu é o ponto máximo da aspiração humana, a meta suprema da vida (J. B. LIBÂNIO; Ma. C. L. BINGEMER, Escatologia cristã, op. cit., p. 265).

A total realização da própria personalidade (L. BOROS, Existência redimida, p. 122).

O céu é a realização plena do ser humano.

Na vida eterna, a pessoa continua mantendo a condição humana e, por isso, o céu inclui o aspecto relacional, então vivido de modo perfeito. O que é essencial na terra não deixará de sê-lo no céu: as relações persistem de um modo diferente, mas real. Podemos compreender o aspecto comunitário do céu não apenas do ponto de vista antropológico. O lado teológico também pode ser percebido.

No céu, o homem será pessoa plenamente evoluída.

“Quando chegar lá (no céu), então é que serei homem” (Inácio de Antioquia, citado por LIBÂNIO.

Na escatologia tradicional, o céu foi várias vezes apresentado como recompensa individual distante da realidade mundana, como “uma visão de Deus a-cósmica” (M. KEHL, Escatologia, p. 291).

O céu é uma realidade primordialmente cristológica e pneumatológica. E estes dois aspectos implicam o aspecto eclesiológico. Portanto, o céu é comunhão do povo de Deus com Cristo no Espírito Santo (Maria Clara Bingemer).

As imagens revelam que a “visão de Deus, Vida eterna, o céu é, marcadamente, sociedade”.

Na tradição, encontramos esta compreensão social de céu expressa por meio do dogma da comunhão dos santos ou da expressão “Igreja celeste”, como assembleia, reunião, koinonia.

Numa dinâmica de solidariedade, reencontraremos com todas as pessoas conhecidas, com aquelas que amamos e também com aquelas que não amamos, mas no céu vamos aprender a amá-las (segundo Reynold Blank).

Realidade dinâmica: experiência oriental de um banquete esplendoroso com danças, alegria, barulho, brincadeiras. Eram banquetes que duravam pelo menos uma semana e movimentavam muitas pessoas (Reynold Blank).

A verdadeira imagem da eternidade é aquela de um momento particularmente excepcional de nossa existência, mas cuja intensidade elevada ao máximo não passa (SESBOÜÉ, pp. 532).

Céu é consumação da vida terrena; mas absolutamente não rumo a um estado de repouso eternamente fixo, e sim à desobstruída participação na vida (...). Essa participação na plenitude da vida infinita e criativa de Deus abre para nós um processo de amadurecimento cada vez mais profundo na vida de Deus adentro” (Medard Kehl).

Novo relacionamento com o cosmo: a salvação inclui, ao mesmo tempo, o indivíduo e o cosmo inteiro. A vida plena da pessoa, num estado que chamamos céu, não acontece fora da relação com o cosmo. A pessoa se humaniza relacionando-se com ele. Assim, “o céu não separa a pessoa humana do mundo, mas a aproxima daquilo que é o mundo em plenitude conforme o projeto de Deus”. O relacionamento do homem com o mundo continua de forma nova, reconciliada. Por fim, reconciliação com toda a criação (R. BLANK, Escatologia da pessoa, p. 291).

A dimensão cósmica do céu é “a festa da criação reconciliada (M. KEHL, O que vem depois do fim? p. 150).

Toda criação resgatada será, assim, o “lugar” jubiloso penetrado por Deus. E, com isso, “Deus será tudo em todas as coisas” (1Cor 15,28).

Cada indivíduo continuará sendo ele próprio, mas o sentido profundo de sua existência é Deus mesmo que o sustenta com seu amor. Numa situação de céu, isso ficará transparente: tudo fala e lembra Deus, cada ser vibra pela realidade amorosa de Deus (L. BOFF, Vida para além da morte, p. 78).

Céu é comunhão reconciliada do homem consigo mesmo, com o mundo e com Deus. A suprema fonte de comunhão, fundamento das demais, é a Trindade (R. Blank).

“Céu é união íntima, infinita e eterna com aquele que nosso coração já buscava, muitas vezes sem o saber (...). Encontro de dois apaixonados, dos quais um fora tantas vezes infiel, mas que, apesar disso, continuou sendo amado” (...) não é uma paz isolada e tranquila, fora de todos os contatos com outros seres. Envolve outras pessoas e, junto com elas, vive-se uma comunhão íntima de amor com Deus (R. J. BLANK, Escatologia da pessoa, p. 291).

Salvação, mais do que conceito, é uma realidade fundamentada no amor de Deus e na livre doação de Jesus Cristo em favor da humanidade.

 

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